"Economics and the Law - from Posner to Postmodernism and Beyond", do professor de Direito Nicholas Mercuro e de Steven G. Medema, professor de Economia, é um livro "que li há cerca de seis anos e que me interessou não só como advogado mas como cidadão porque eu acho que os problemas que aqui estão tratados são problemas centrais hoje (em termos políticos e sociais). Isto é: abordam a relação entre o Direito e a Economia", disse Vasco Vieira de Almeida.
O livro marcou este advogado de uma forma negativa dado que "eu reforcei as posições que tinha, depois de o ler, porque acho que as abordagens que são feitas no livro, (que é uma análise das escolas de pensamento económico americanas sobre as relações entre a economia e o direito), são parciais. E, no fundo falham num problema central que é o de saber qual é o papel do Direito e qual é o papel da Economia."
Conhecedor das diferentes teorias que existem sobre a relação entre a Economia e o Direito, Vieira de Almeida afirma que "No fundo todas as análises parciais escondem o problema principal, que é a análise do poder". Para este advogado "parece-me muito essencial a análise do poder numa relação dialéctica com os governados." (tal como é defendido por uma escola norte americana).Isto é importante "porque não se pode fazer uma análise meramente económica da eficiência ou das decisões judiciais ou das normas jurídicas que não seja à luz da compatibilidade dessas escolhas com os princípios éticos, que todos nós hoje partilhamos e que são princípios gerais do direito."
Para Vieira de Almeida, que não acredita na ideia da moralidade intrínseca do mercado – e, por isso a necessidade de "existirem normas jurídicas para o regular" -, o direito foi absorvendo ao longo da história determinados princípios e "esses são princípios que não podem ser abandonados a favor de soluções económicas que não sejam justas. Este livro "levantou-me uma série de questões e marcou-me porque me permitiu confirmar muitas coisas que eu já pensava."
Esta partilha foi publicada a 9 de Novembro de 2006 na rubrica "Ideias em Estante", caderno de Economia, jornal Expresso.