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Quinta-feira, 2 de Novembro de 2006
"O Livro que me Marcou" - Carlos Carvalhas
Délocalisations – Aurons –Nous encore des Emplois Demain?”(2005), de Philippe Villemus, é a obra escolhida por Carlos Alberto do Vale Gomes Carvalhas, economista e antigo Secretário Geral do Partido Comunista Português (PCP). “Escolhi este livro para não escolher os clássicos do Marxismo – desde o Manifesto do partido comunista até ao “Rumo à Vitoria”, que em Portugal marcou uma geração. Mas para não estar com estes livros, resolvi escolher uma obra de um autor que não é bestseller.” Carvalhas confessa que a escolha desta obra está directamente ligada à nossa conjuntura nacional. “Achei que seria interessante chamar a atenção para esta questão (deslocalização)”.

Para este economista que foi Secretário de Estado do Trabalho em cinco governos provisórios, deputado do Parlamento Europeu e deputado no Conselho da Europa “a análise da situação retratada pelo autor é do meu ponto de vista lúcida. Porém existe uma contradição entre a primeira parte e a segunda parte… mas também é nessa que o autor descreve as medidas e as propostas; e onde o autor embarca em toda esta filosofia neo-liberal, que no fundo tem conduzido à situação em que estamos.” Questionado sobre a eventualidade de “estar a fazer uma escolha irónica?”, Carvalhas responde: “Até certo ponto sim. O autor é um homem que escreve bem e que tem formulações cativantes mas depois apresenta as soluções que todos andam por ai a propagar (certamente, porque também está “formatado”). Por isso é que me marcou”.

Segundo Carvalhas, ao longo do livro o autor tem “várias coisas com piada e apresenta várias conclusões”. No entanto as conclusões que apresenta “no meu ponto de vista não levam a nada. Ou melhor: levam à continuação do crescimento das desigualdades do mundo.”

Esta partilha foi publicada a 2 de Novembro de 2006 na rubrica Ideias em Estante, caderno de Economia, jornal Expresso.
publicado por Mafalda Avelar às 21:15
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