The Calculus of Consent – Logical Foundations of Constitucional Democracy (Cálculo do Consenso), Buchanan e Tullock, editado pela The University of Michigan Press, 1962
"O Cálculo do Consenso", escrito em 1962, por James M. Buchanan com Gordon Tullock, foi uma das obras de economia que mais marcou António Soares Pinto Barbosa. ¨Surpreendeu-me muito esta obra!¨. A ligação entre a economia e a política é um dos pontos citados pelo Professor como referenciais deste livro. Segundo Pinto Barbosa, Buchanan foi o investigador e economista que criou uma área (até então) desconhecida ¨que aplica análises económicas ao estudo da decisão política”. Uma área, que segundo Pinto Barbosa, é muito actual. “Cada vez mais se sente a influência da política na economia e vice-versa¨, afirma o professor que leu, pela primeira vez, esta obra em 1972, quando se encontrava a cumprir o Serviço Militar na Marinha. A história foi, sumariamente, a seguinte: Pinto Barbosa ficou encarregue de desenvolver um trabalho sobre Financiamento de Despesas Militares. “Na altura estavamos em guerra”, recorda. Para efectuar esse mesmo estudo recorreu à biblioteca do ISEG e, aí, deparou-se com este livro que o fascinou. “Abriu-me os horizontes.” A admiração pela teoria desenvolvida por Buchanan levou Pinto Barbosa a procurar a fonte. “Eu queria ir, justamente, conhecer o autor¨. Pinto Barbosa partiu ao encontro de Buchanan que “felizmente me acolheu lá ( The Center for Study of Public Choice – Virginia )¨. Uns anos mais tarde, Buchanan, que foi supervisor de Pinto Barbosa durante o seu doutoramento, viria a ser reconhecido como Nobel de Economia (1986) precisamente pelo contributo para a área de Estudos Públicos, de onde se destaca o “Cálculo do Consenso.”
Segundo Pinto Barbosa o contributo, em termos gerais, deste livro reside no facto “de ser fulcral na criação de uma nova área disciplinar onde se procura aplicar a análise económica ao estudo da decisão politica.” Num plano mais específico, existem dois aspectos a ter em conta: por um lado levanta a questão de “Como escolher entre regras de escolha colectiva e quais os factores a ter em conta nesse cálculo (tais como o custo das tomadas de decisão, os custos externos, o custo de uma decisão desfavorável, vencida…). Por outro, complementando, apresenta ainda uma perspectiva constitucional de longo prazo (a incerteza Rawlsiana) na escolha das regras de escolha. Por outras palavras, e utilizando uma analogia, trata-se de entender “como escolher as regras de jogo sem saber as cartas que nos vão parar às mãos.”
Reconhecendo que “a grande importância de Buchanan é o seu lado criativo”, Pinto Barbosa desabafa, com uma reconhecida humildade (enquanto folheia o livro), “eu estava cá e o estimulo à criação de novas ideias deste autor, levou-me a ir atrás desta obra - de uma pessoa e não de uma instituição.” Numa era em que a ideologia, por vezes parece não estar na ordem do dia, aqui fica o testemunho de um licenciado que se tornou doutor em Economia com a supervisão de um Nobel. Tudo isso, não só mas também, porque um dia leu um livro…
António Soares Pinto Barbosa, professor da Universidade Nova de Lisboa, licenciado em Finanças pela Universidade Técnica de Lisboa e doutorado em Economia pela Virginia P.I. & State University
Esta partilha foi publicado na rubrica "Ideias em Estante", Expresso, a 9 de Setembro de 2006