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Maria do Carmo Vieira é a autora de "O Ensino do Português", livro que poderá adquirir, hoje, com o Económico.
Leia a entrevista à autora, publicada, neste espaço, na íntegra.
(Maria do Carmo Vieira é hoje, também, a autora em destaque na pág.3 do DE, dedicada durante o mês de Agosto à iniciativa "Livros /Verão", que junta a Fundação Francisco Manuel dos Santos e o Económico.)
"A língua portuguesa tem sido muito maltratada”
Neste ensaio a autora analisa o ensino do Português desde o 25 de Abril de 74. Em entrevista considera “imperioso” suspender o AO.
Qual o actual estado da nossa língua?
A língua portuguesa tem sido muito maltratada, sendo ostensivamente mal falada pelo contágio da falta de cultura e da ignorância que grassa. Situação flagrante foi a imposição do Acordo Ortográfico (AO), contrariando a exigência de debate, a vontade dos portugueses, os pareceres de Instituições relevantes, nomeadamente o MEC, as intervenções fundamentadas de linguistas. «Vendeu-se» a língua portuguesa a interesses mal escondidos e a isso chamou-se «preocupação pela língua», num carnaval de palavras, bem em sintonia com a Nota Explicativa do referido AO que classifica de «teimosia lusitana» o facto de termos mantido as consoantes mudas. Exige-se recuo nesta aventura que continua a esbanjar somas avultadas, mas até agora nunca assumidas, trazendo o caos ao ensino do Português. Por isso seria tão importante que todos e, em especial, alunos, professores, associações de pais e deputados se unissem contra este desvario. Existe também uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos que podem consultar em www.ilcao.cedilha.net
Que tipo de acções concretas melhorariam (já no curto prazo) o estado da “nossa língua”?
Suspender o AO seria imperioso porque não é boa prática cada um escrever como lhe aprouver, destruindo-se a ortografia da língua portuguesa. Imprescindível também é a concretização de uma boa formação de professores de Português, em que o estudo do Latim não pode estar ausente, e a elaboração de novos programas para o Básico e Secundário, libertos da avalancha de «descritores de desempenho» absurdos e de teorias que formatam os professores.
Não será com rapidez que a presente situação se resolverá, mas com vontade, seriedade e diálogo.
Qual a maior crítica ao Ensino do Português? Existem culpados?
Todos seremos culpados. Uns porque fazem mal, outros porque permitem, resignando-se. É inegável que a proliferação de reformas, longa manta de retalhos, desleixadamente alinhavada ao longo dos anos, teve desastrosas consequências no ensino, e especificamente no ensino do Português. Com efeito, surdos à exigência de um diálogo com os professores, descura-se as suas várias chamadas de atenção para o facto de grande número de alunos acabar o 1º ciclo sem saber ler e escrever de forma minimamente correcta, o que se repercute, como é natural, nos ciclos seguintes. Mantêm-se programas extensíssimos, muitos dos quais mal elaborados e sem qualquer fio condutor, impedindo um trabalho sério com a escrita e com a própria leitura de textos, sobretudo literários que aparecem em pé de igualdade com uma avalancha de textos funcionais e informativos. A agravar a situação, tem-se descurado a Gramática, privilegiando a TLEBS (implementada do 1º ciclo ao secundário) que apenas confunde os alunos e não permite qualquer reflexão sobre a língua, como se pretendia. O certo é que não se dominando bem a língua, não é possível expressar o pensamento e é nos textos literários que a qualidade da língua sobressai porque a literatura é a arte da palavra. Sabendo-se interpretar um texto literário, o que exige leitura, tempo e treino, saber-se-á escrever um texto funcional. O contrário é que certamente não acontecerá.
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