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Num momento em que tudo vale e conta para a decisão “de voto”, Pedro Passos Coelho assina prefácio de livro sobre um tema quente: educação.
Junto vos deixo as palavras de Passos Coelho, in prefácio de "O Ensino Passado a Limpo", de Santana Castilho (Porto Editora). Nas mesma podemos "adivinhar" algumas mudanças caso venha a ser eleito.
O livro será lançado amanhã, quinta-feira, dia 12 de Maio, pelas 18:30, na Sala Porto do Hotel Tiara Park Atlantic Lisboa.
A apresentação está a cargo do líder do PSD.
In Prefácio de “ O Ensino Passado a Limpo” de Santana Castilho.
O Ensino Passado a Limpo é assumidamente um contributo
público para um novo programa de actuação política no domínio
da Educação. O seu autor, Professor Santana Castilho, é uma das
personalidades que, com grande independência e não menor
pertinência, mais se tem destacado em Portugal no debate sobre
a política educativa. Habituei‑me, sobretudo ao longo destes
intensos anos que marcaram a última década, a ler e ouvir muitas
das suas críticas e propostas, na forma de entrevistas,artigos e
edições dedicadas a esta temática. Não escondo que, à medida
que se adensavam as conturbações trazidas pelas sucessivas tentativas
de reforma educativa, mais certeiras me foram parecendo
as suas observações críticas e maior simpatia fui sentindo pela
sua análise serena mas acutilante.
Foi, pois, com muita satisfação que aceitei prefaciar esta nova
síntese sobre o estado do Ensino e das políticas de Educação.
Aqui se procura, com grande pragmatismo mas sem perda de
um sólido quadro de referência programática, apontar orientações
e soluções susceptíveis de serem incorporadas num programa
de acção política governativa. Não sendo exaustivo nas
matérias que tipicamente se ocupam da designada reforma educativa,
o autor é feliz na selecção dos temas que aborda, já que
estabelece uma proposta realista de prioridades de acção que se
adequa bem à hierarquia dos problemas a merecer resposta mais
urgente no ponto a que chegámos em matéria de resultados na
Educação.
Como contributo individual, esta obra representa um esforço
de cidadania que só posso louvar e agradecer na minha qualidade
de responsável político. E,dada a forma aberta e plural
como a obra se nos revela, cada um dos seus potenciais destinatários
e leitores é livre de assumir o seu conteúdo de acordo com
a utilidade que lhe encontrar. No meu caso, é evidente que vejo a
presente edição como muito útil para a definição dos passos a
dar neste domínio no futuro próximo.
Aproveito assim a oportunidade que me é dada nestas linhas
para realçar três aspectos preambulares que considero importante
juntar à abordagem aqui trazida pelo Professor Santana
Castilho. O primeiro é o de que a reforma educativa não se
resume à sua base legal, sendo que esta nem é mesmo a sua componente
mais relevante. Como acontece em quase todos os
domínios,a acção reformadora implica o desenvolvimento de
transformações e de mudanças que não se operam simplesmente
porque assim se determinou por via legal. O país não muda por
decreto e a Educação e o Ensino também não. Quem realiza verdadeiramente
as transformações são os múltiplos agentes que
operam e intervêm diariamente no processo educativo,sendo o
legislador apenas uma das partes envolvidas. Neste sentido,as
reformas só estarão adquiridas se aqueles que são os agentes da
mudança as tomarem como suas também. Não significa isto que
um processo reformista tenha de ser normalmente consensual,
mas, se for por princípio tomado como sendo de carácter impositivo
ou “confrontacional”, tenderá a ser rejeitado como se se tratasse
de um qualquer corpo estranho e a deixar as marcas próprias
desse tipo de defesa com que os organismos vivos reagem. É assim
do puro domínio da boa Política perceber estes processos e lidera‑los
numa base de parceria para que possam ser bem‑sucedidos.
Em segundo lugar, será útil recordar que “o óptimo é inimigo
do bom” e que a melhor reforma é a que responde a um correcto
diagnóstico dos problemas e que assenta numa base realista de
possibilidades e de recursos existentes. Não vale a pena, portanto,
“fazer batota” e tentar mascarar a realidade com estatísticas
elaboradas com esse propósito, como tantas vezes tem sucedido,
por exemplo,com o facilitismo induzido por provas de avaliação
que não traduzem a realidade das competências e do nível de
conhecimentos adquiridos. Nem vale a pena produzir programas
curriculares onde parece querer meter‑se
“o Rossio na rua da Betesga” quando,na verdade, a prática reiterada mostra que era
possível e desejável estabelecer metas e objectivos aparentemente
menos ambiciosos mas certamente mais úteis e bem‑sucedidos.
Por fim,é importante reconhecer que os últimos anos têm
trazido uma burocratização insuportável em torno de todo o
processo educativo,descaracterizando as missões dos diversos
intervenientes,sobretudo notório no caso dos professores,e desvirtuando
o propósito implícito aos procedimentos,como foi o
caso mais revoltante da avaliação de desempenho. É urgente,por
tudo isto, simplificar procedimentos e prescrições administrativos
e apostar na focagem sobre os objectivos de qualificação e
exigência do Ensino,valorizando os agentes que melhor podem
responder por esses objectivos. A ansiada pacificação das escolas
deverá ser acompanhada de maior autonomia e responsabilização
de cada uma das unidades e de um recentrar do Ministério
da Educação como garante e regulador da política pública.
As más políticas e a instabilidade têm provocado estragos
grandes que não têm de ser irreversíveis se actuarmos depressa.
Mas só a boa resposta política pode ser capaz de restaurar a nossa
capacidade para mudar no sentido que é necessário e desejado
pela maioria. Esta obra ajuda‑nos
a concretizar essa mudança.
Pedro Passos Coelho
Este post também foi publicado no blog:www.livrosemanias.blogs.sapo.pt
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