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E agora?
Agora que o esperado aconteceu (momento em que a crise já é chamada pelo nome e muitos até a designam de “financial crisis”, impondo um cunho de estrangeirismo tão apreciado por esta nação lusitana), será que vamos continuar a “fazer de conta”? Será que vamos continuar a dar prioridade a temas rocambolescos em vez de olharmos de frente para os problemas do país?
Como cidadã estou saturada de tantos esquemas, tantas divagações, inúmeras distracções que nos levam a pensar em tudo menos naquilo que é importante: o desenvolvimento do nosso país.
SEM dúvida que as bases da democracia - e de um sistema livre e democrático - não podem ser colocadas em causa, por isso a importância de discutir casos tais como o da PT/TVI, que mais não é do que uma suspeita de um atentado ao livre mercado, ao livre funcionamento da economia e da democracia de um país. E isso, no caso de vir a ser provado ter ocorrido, é grave. Muito grave. Mas mais grave ainda é utilizar todo o tempo útil de membros parlamentares, de governantes, de cidadãos, de jornalistas, de responsáveis empresariais a pensar naquilo – que a bem da verdade – não nos tira da crise (poderia qui ça ter ajudado a não entrar nela… mas isso dá assunto para uma outra conversa). Parênteses à parte, neste momento há que apurar factos mas sobretudo existe a necessidade de construir, de moldar, de pensar num futuro para o país. É preciso termos uma estratégia – que envolva miúdos e graúdos. Não nos podemos esquecer que o país não vive apenas das grandes empresas nacionais, que graças a Deus – e para bem da nossa Nação e de todos nós - existem. O país vive também - e sobretudo - dos pequenos e médios empresários, vive das indústrias e serviços tradicionais, vive de gentes que nem sempre têm cunhas mas – e ao invés - têm legiões de assalariados a quem têm que pagar no fim do mês. Essas gentes não podem ser esquecidas. Essas gentes, que reclamam do sistema democrático quando dizem “que estão todos ligados uns aos outros e que não conseguem neste Portugal furar – fazer negócios - sem conhecimentos”, têm que ter uma garantia de que vale a pena ser empreendedor. Vale a pena passar algumas noites sem dormir (como acontece com tantos) a pensar onde vão buscar verbas. Não é fácil empreender, todos sabemos. Mas nem todos sentimos. Isto porque são poucos os que se aventuram; muito poucos os que entendem (ou simplesmente querem “tentar entender”).
Aqui pelas grandes cidades esquecemo-nos do português, que erradamente consideramos, pequenino; e deslumbrámos nos com aquele que entendemos como grandinho. Que mediocridade. Que atentado à sociedade e ao crescimento da mesma.
Isto não pode continuar! Quando num país tudo pára porque existem suspeitas, tudo está perdido. Quando num país não se dá o mesmo valor ao pescador empreendedor tal como a um Ceo, que também empreende, tudo está perdido. Quando num país se julgam as gentes pela dimensão do negócio em que estão envolvidos e não pela essência dos mesmos, tudo está perdido. Não nos esqueçamos que os homens não se medem aos palmos e que a vida dá muitas voltas….Tantas que o hoje pode não corresponder ao amanhã. E também por isso realmente acredito, ainda assim, que nem tudo está perdido porque existe um grande caminho a percorrer. Uma longa caminhada que começa por tomarmos consciência de que temos que ter uma ESTRATÉGIA para o país. Nessa temos que incluir “miúdos e graúdos” e nessa temos, também, que mergulhar. As entidades patronais têm que ser tão compreensíveis – e realistas – como os Sindicatos, que às vezes se esquecem de como é que um mercado funciona. É necessário gerar para distribuir. Sem produção não há divisão. Mas este lembrete vale para todos nós – e, também para o Governo, que tem a obrigação de pensar alto e de envolver todos os portugueses neste momento em que a união mais do que necessária é vital.
Fomos habituados, nos últimos anos, a crescer num mundo de “facilitismo”. Num universo em que “tudo se resolve” e existe sempre alguém que nos dá a mão, mais do que não seja o Estado através dos subsídios de desemprego. Mas isso a ser “universo”, é utópico. Ninguém é superior aos factos. O nosso desemprego atinge os 2 dígitos, a miséria substitui a pobreza e os recursos são escassos. Quando a despesa é maior do que a receitas e as expectativas de crescimento do sinal MENOS são maiores do que as do sinal MAIS nesta equação que corresponde à nossa situação pública… a gestão torna-se complicada. Mas o quadro não fica por aqui. Isto porque num palco em que temos todas as personagens acima mencionadas, e depois alguns figurantes que - e enquanto o pano sobe - andam preocupados em “saber quem é quem” o que é que “fulano ou sicrano sabe”, “quem conhece”…enfim ... um mundo de faz de conta que espero um dia não ter que contar aos mais novos, que hoje não sabem, tal como nós, o que os espera. Também por eles vale a pena deixar de lado as futilidades do mercado e pensar grande. Pensar nos projectos estruturais, pensar no País. E quem tem essa obrigação são os que têm, por enquanto, o frigorifico cheio. Esses têm mais responsabilidade neste momento. Quem está faminto é natural que se preocupe em primeiro lugar em saciar a fome; quem apenas tem apetite deve procurar as fontes para o satisfazer.
Por tudo isso hoje vos escrevi… vagueando e pensando, aqui, partilho as minhas preocupações que nem sempre encontro descritas nos livros
que leio.
Este post também foi publicado no blog:www.livrosemanias.blogs.sapo.pt
- A Competitividade e as Novas Fronteiras da Economia
- Como a Economia Ilumina o Mundo
Rampini, autor do Século Chinês
Stephen Dubner e Steven Levitt, autores de "Freakonomics"
Tim Hardford, autor de "O Economista Disfarçado"
Ashutosh Sheshabalaya, autor de "Made in Índia"