“Admirável Mundo Novo”(1932), de Aldous Huxley é um dos livros que mais marcou Maria do Rosário Partidário, Professora do Instituto Superior Técnico e especialista internacional em “Avaliação Ambiental Estratégica" (AAE), área em que se doutorou e que lhe tem valido reconhecimento por parte de grandes organizações mundiais, tais como a Organização das Nações Unidas (ONU), instituição com quem colabora desde 96. De destacar que, no mês passado Partidário foi responsável, em Nova Iorque, por um dos cursos da 15ª. Sessão da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável.
Para esta Professora, licenciada em ambiente (UNL) e mestre em Planeamento Regional e Urbano (UTL), este livro que leu quando começo a estudar engenharia do ambiente “pregou-me um susto sobre aquilo que poderia ser uma sociedade de futuro.” Segundo Partidário, o autor tenta perspectivar e definir uma visão para a sociedade para um longo periodo (600 anos) e essa sociedade “é basicamente uma sociedade que é manipulada geneticamente e que tem como principal objectivo fazer clonagens, promover o desenvolvimento do ser humano perfeito, de uma sociedade perfeita e que assenta muito – naquilo a que chamo – a fábrica dos seres humanos”. “O que me assusta profundamente é que um livro que é escrito em 32, que prevê para um periodo de 600 anos uma sociedade deste tipo, começou a surgir nas páginas dos jornais nos anos 2000”. Uma situação que para esta expert prova que estamos perante uma situação que“ já não é de utopia mas que começa a fazer parte da nossa realidade. E, esse é o susto!”. Partidário lança a questão: “Qual é o tipo de sociedade para a qual nós queremos caminhar? É uma sociedade deste tipo – de caracteristicas totalitárias e globalizantes, que são dominadas por um grupo que pretende por razões de estabilidade social definir qual é o tipo de perfil de cada individuo na sociedade?; ou é uma sociedade em que há uma noção de liberdade, de respeito pelos interesses individuais, pelas caracteristicas de cada individuo e que para mim tem que ter – para ser sustentável – respeito pela diversidade individual de cada pessoa?”. Esta especialista termina dizendo que o grande desafio dos nossos dias está no paradoxo entre sustentabilidade e globalização, em que a relação tanto pode ser positiva como negativa.