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Dona Berta de Bissau (Âncora Editora), de José Ceitil
"Este é um daqueles livros que contém história. O relato de vida não de uma só pessoa, mas de vários indivíduos.
O que marca a vida? Além das pessoas, com as quais temos a sorte de nos cruzar, a forma como encaramos as adversidades da vida;e, o sorriso com que nos entregamos ao dia a dia. Aos outros, às horas, que por nós passam, aos segundos, que mudamos. E tudo isto apenas num dia.
O caso de D.Berta - ou Avó Berta, como é carinhosamente tratada pelos milhares de netos, que criou ao longo da vida - é um exemplo de quem viveu, com garras e simultaneamente com ternura, a vida.
Como escreve José Ceitil, autor deste livro, "a biografia é uma homenagem e um tributo". Esta Biografia reúne um conjunto de entrevistas feitas à D. Berta, na Pensão Central (Bissau, Guiné); e, também vários testemunhos de quem conviveu com D. Berta.
É uma forma de gratidão, transcrita para o papel. Para as páginas, que são unidas pelo verbo amar. Um verbo que representa o conteúdo da vida de Berta Bento. Nascida em Cabo Verde, chegou à Guiné -Bissau em 1948, casou com um português e adoptou o mundo, através de todas as nacionalidades que abraçou na Varanda da Pensão Central. Uma varanda com marca "B" de Berta, de Bissau e de Benção. Afinal quem não se sente abençoado por com D. Berta ter privado? ( Uma rima com música. Casal habitué, na dita Varanda).
"
Este texto foi publicado na Ideias em Estante de 23/11/2012.
Economia em várias vertentes
BANCA, ECONOMIA VERDE, ENERGIA, ROMANCE, VIDA, D.BERTA. BISSAU. TUDO PALAVRAS QUE MARCAM OS LANÇAMENTOS SÓCIO-ECONÓMICOS DA SEMANA. UMA EQUAÇÃO QUE JUNTA ECONOMIA COM OUTRAS TANTAS COISAS MAIS.
Pacto de Silêncio
Energia e outras forças poderosas, capazes de prender a atenção do leitor, são os ingredientes deste romance, que aborda uma questão económica primordial nos nossos dias: a energia. Mas vai mais longe: apresenta a moralidade, servida, tomo a liberdade de escrever, numa bandeja de prata (metal, que em tempos de crise é cada vez mais rara, dada a elevada procura).
"Jogos de poder nos corredores da Europa dos grandes interesses" é como André Pinto Bessa, autor de "Pacto de Silêncio ( Padrões Culturais Editora), o descreve. Acrescentando, ainda no subtítulo deste livro, que o mesmo apresenta "uma conspiração de encobrimento e fraude e o dilema entre conveniências e integridade."
"A informação económica que incluí neste romance foi recolhida de fontes oficiais", esclarece o autor. Um factor que constitui um factor de diferenciação, na hora de escolher "o que ler". Apesar do realismo, transmitido pelos números, André Pinto Bessa adverte que "Mas, tratando-se de uma romance e não de um estudo técnico ou económico sobre opções de estratégica energética, não espere o leitor especialista que seja tudo rigorosamente cientifico". Ainda bem, diria!
A Banca em Portugal e a Economia Verde
Será que a "Banca", considerada, pela maioria dos cidadãos, a grande culpada desta grande crise pode casar com a "Ética"?
Segundo Sofia Santos, autora de "A Banca em Portugal e a Economia Verde - O Poder dos Bancos para um novo Desenvolvimento Económico" (Bnomics), este casamento não só é possível, como é desejável. Isto porque as actividades da banca conseguem influenciar a economia real e ter consequências na vida de cada indivíduo. Segundo a autora "na realidade os bancos têm também a capacidade de promover uma melhor alocação de recursos naturais, sendo vistos por muitos autores como verdadeiros catalizadores do desenvolvimento sustentável". Como? " Se os bancos decidirem emprestar dinheiro apenas a projectos em que os riscos ambientais estão devidamente acautelados e disponibilizar, por exemplo, a taxas de juro ligeiramente mais baixas... estão a promover a produção e o consumo sustentável, que está no centro da Política Europeia para 2020". (apenas para dar um exemplo.) E o certo é que já existem bancos internacionais a incluir nas análises de risco de negócio os (desejáveis) critérios ambientais.
É a chamada "revolução verde" no sector bancário.
Uma "revolution" que poderá ser também uma forma de garantir, novamente, simpatias entre os cidadãos e a Banca.
Bom nicho. Também de marketing!
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Conheça os outros lançamentos da semana aqui na AGENDA.
O livro "Políticas Públicas em Portugal", organizado por Maria de Lurdes Rodrigues e Pedro Adão e Silva, é apresentado, HOJE, dia 29 de novembro, pelas 17h30, no Auditório B203 do ISCTE-IUL.
A apresentação será realizada por José Pacheco Pereira.
Participam ainda no livro e na sua organização Alexandra Duarte, António Dornelas, Frederico Cantante, Graça Fonseca, João S. Batista, José Pedro Dionísio, Luísa Araújo, Maria do Carmo Gomes, Maria João Coelho, Mariana Vieira da Silva, Margarida Carvalho e Renato Carmo.
Contributos de António Correia de Campos, António Costa, António Costa Silva, António Lobo Xavier, António Vitorino, Augusto Santos Silva, Daniel Proença de Carvalho, David Justino, Fernando Teixeira dos Santos, Graça Carvalho, João Tiago Silveira, Jorge Moreira da Silva, José A. Vieira da Silva, Luís Filipe Pereira, Luís Pais Antunes, Manuela Ferreira Leite, Maria Helena André, Maria Manuel Leitão Marques, Miguel Frasquilho, Pedro Marques, Pedro Silva Pereira, Rui Rio, Suzana Toscano e Teresa Caeiro.
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Hoje o Fado está em ALTA. (Uma tendência que já é felizmente uma constante!)
O que acontece hoje?
"Apresentação de uma coleção ensaística dedicada ao Fado, onde serão lançados os quatro primeiros títulos da coleção, três dos quais de Rui Vieira Nery e uma edição fac-similada de um clássico de 1937 precedida de um estudo de sua autoria.
Para Uma História do Fado, A History of Portuguese Fado, Ídolos do Fado e Fados para a República marcam assim o início de uma coleção que inclui não só a publicação de títulos inéditos, como também de outros já esgotados."
e
in Press Release
"Com o propósito de institucionalizar um conjunto de iniciativas que integram as comemorações do 1º aniversário da consagração do Fado a Património Imaterial da Humanidade, vai ser celebrado hoje, dia 28 de Novembro, pelas 19h, no Museu do Fado, um Protocolo de colaboração e co-produção entre a EGEAC – Museu do Fado e a Fundação Centro Cultural de Belém.
Este protocolo integra os planos de actividades das duas instituições e o seu primeiro momento terá lugar ainda em 2012 com a apresentação do espectáculo intitulado O Mar e Nós, com Ricardo Ribeiro e Lura, no próximo dia 7 de Dezembro, no Grande Auditório do CCB."
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Diz o slogan "«Book Gift» - dá vontade de ler" .
Recebi. Abri. E... não é que dá mesmo!
Num momento em que muitas são as escolhas literárias - e onde nem sempre é fácil acertar "no livro" - a Porto Editora lança este "pacote" de várias escolhas. E investe. "O investimento deste projeto ronda 1 milhão de euros", diz Diogo Themudo, assessor da Admnistração da Porto Editora.
Ao (que mais parece) estilo de gestão sugerido em "A cauda longa" (The long Tail), de Chris Anderson -que aponta o crescimento dos micro nichos (personalizados) da economia - , a Porto Editora lançou esta semana este kit (book maravilha, chamar-lhe-ia...)
Em que consiste este "Book Gift"?
É uma embalagem, por sinal bem gira, tipo cheque oferta "a vida é bela". Lá dentro estão várias obras à escolha, num catálogo. O presenteado só tem que escolher a obra; depois, é só dirigir-se a uma das lojas aderentes - que são muitas ( a valer - logo e àpriori - pelo número de"Bertrand", que são hoje da "Porto Editora"). Mas praticamente nenhuma livraria escapa a este tão "desejável"( e bem embrulhado) "Book Gift", que se encontra espalhado por quase todos os pontos de venda - em Portugal e nas Ilhas.
Se quer saber mais visite o site: Book Gift.
Este é (apesar dos pontos positivos e negativos apontados no final deste post) um Bom produto e com um Grande Design!
Tão bom que resolvi saber mais sobre o próprio.
LEIA abaixo a entrevista a Diogo Themudo, Assessor da Administração, da Porto Editora
1) Qual a razão de terem lançado este produto “ Book Gift”?
Já há algum tempo que vimos pensando neste projeto, pois acreditamos que o livro constitui um excelente presente, pelas emoções e pelos sentimentos que lhe estão associados. Mas pretendíamos que a experiência de compra fosse diferente e que permitisse liberdade de escolha para quem recebe. O conceito Book Gift® vem sublinhar esse fascínio do livro adicionando a flexibilidade de troca numa seleção de um catálogo com mais de 400 obras.
2) Quantos “Book Gifts” lançaram? E quanto investiram neste projecto?
Atualmente temos 4 versões na coleção Book Gift segmentadas por categorias. O Book Gift Corações Livres é o mais indicado para aqueles que gostam de histórias com final feliz ou romances históricos repletos de histórias verdadeiras ou imaginadas. O Book Gift Segredos da Alma é o presente mais dedicado ao bem-estar e equilíbrio pessoal. O Book Gift Mentes Curiosas desafia quem quer saber mais através de um catalogo de livros de suspense, ficção mas também Memória, Ensaio e Gestão. Por fim, o Book Gift Seleção Autores que, como o nome indica, conta com cerca de 400 grandes obras de grandes autores nacionais e internacionais e inclui um Bloco de Notas que permite anotar e comentar os livros que cada leitor leu.
O investimento deste projeto ronda 1 milhão de euros.
3) É a primeira vez que lançam este tipo de produto ? Se sim, qual o retorno do anterior; Se não, porque é que lançaram estes produto? (Alguma inspiração? Se sim, qual?)
Sim, é a primeira vez que apostamos neste produto – aliás, o Book Gift é inovador porque, até agora, ninguém tinha apostado no livro através de um conceito deste género. Foi efetuada uma seleção muito criteriosa dos livros que estão em cada um dos catálogos e agregou-se em 4 grandes famílias, permitindo o máximo de flexibilidade possível para quem compra o presente, e para quem recebe, porque pode escolher um livro entre mais de 400 obras disponíveis numa livraria aderente mais próxima. Uma seleção de livros do maior grupo editorial português que é o Grupo Porto Editora, com as suas 14 chancelas editoriais.
4) Como é que vê a papel do Marketing em plena crise?
O papel do Marketing em plena crise é reinventar. O consumidor está cada vez mais atento e dinâmico. As organizações precisam de desenvolver novas ideias e produtos que vão ao encontro das necessidades dos leitores. O Book Gift é um bom exemplo de como, sendo o livro um dos principais artigos oferecidos no período de Natal, a Porto Editora consegue reforçar este conceito de oferecer livros, oferecer cultura, através do lançamento de um produto diferenciador com uma identidade muito própria e distinta.
5) O Livro é um livro ….Será que esta expressão é válida mesmo em tempos de crise? O livro é ou não um bem valorizado? É um bem elástico? Ou é um bem rígido?
O livro é um livro e o Book Gift vem precisamente valorizar o livro que, de facto, é incontornável, independentemente das circunstâncias que vivemos. Há sempre um livro que nos escolhe, pelo tema, pelo autor, pelo assunto,…. O que o livro nos oferece é impossível de mensurar, o preço, maior ou menor, não reflete essa dimensão. Por isso é que o livro constitui um presente qualitativo, inteligente e com um período de vida muito longo, e é isso que o conceito Book Gift reforça, com a vantagem de dar liberdade de escolha a quem oferece e a quem recebe.
my opinion:
Factor positivo: permite oferecer "a obra" que realmente o presenteado quer ler. E "poupa" o leitor da aventura "da troca" depois do Natal... um episódio que corre sempre o risco de se tornar num argumento para qualquer filme (pouco) comercial.
Factor menos positivo: não permite aquele "must" (pessoal e intransmissível) que está associado à oferta do dito livro "que gostei muito de ler e que quero partilhar contigo". Permite, no entanto, e através dos quatro "book gift" distintos, escolher "o tema".
Sugestão: se comprar um dos quatro book gift (e se realmente tiver uma ligação próxima com o "presenteado", coloque-lhe um post it - ou mesmo um cartão postal - com "o que eu gostava de te oferecer: sugestões de amigo:)"
NOTA: favoravelmente positiva.
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In press-release
"A cerimónia terá lugar hoje, pelas 19h, no Albert Hall Complex, em Bruxelas, e será presidida pela comissária europeia de Cultura, Educação e Juventude, Androulla Vassiliou. Também presentes na cerimónia estarão o presidente do Conselho Europeu de Escritores, Pirjo Hiidenmaa, o presidente da Federação Europeia de Livreiros, John Mc Namee, e o presidente da Federação Europeia de Editores, Piotr Marciszuk.
Afonso Cruz foi galardoado pelo romance A Boneca de Kokoschka, publicado pela Quetzal em 2010.
O prémio da União Europeia para a Literatura consiste na nomeação de um Embaixador para a literatura e na eleição de um jovem talento de cada um dos países participantes.
Aquando da publicação, em 2010, A Boneca de Kokoschka recebeu elogios da imprensa especializada, tendo sido notado o estilo próprio e o universo singular da escrita de Afonso Cruz.
O romance centra-se na história do pintor Oskar Kokoschka que, quando terminou a relação com Alma Mahler, mandou construir uma boneca, de tamanho real, com todos os pormenores da sua amada."
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Livro em análise: " As Contas politicamente incorrectas da economia portuguesa" (Guerra&Paz), de Ricardo Arroja.
(Vídeo -entrevista ao autor no final deste post)
Contas portuguesas, com certeza
AUTOR APRESENTA "CAUSA DAS COISAS" EM NÚMEROS E FALA DOS DESAFIOS DO PAÍS.
"As contas politicamente incorrectas da economia portuguesa", da autoria de Ricardo Arroja, é um livro de leitura obrigatória. Por três razões. Primeiro, porque apresenta números, alguns pouco falados, outros largamente especulados. Mas todos contextualizados. E, todos de manifesto interesse - e muita oportunidade. Por outras palavras, esta obra que permite saber e interpretar números, leva à acção. Não só no final da leitura da obra; mas também durante a leitura da mesma. São vários os momentos em que o leitor se sentirá tentado a pegar num papel - ou num qualquer aparelho electrónico - e a escrever. A registar aqueles números que às vezes falham (ou não existem), na memória.
Numa linguagem simples e acessível, Arroja desmistifica muitos dos algoritmos que andam por aí a circular sem norte, de mãos dadas com muitas informações e citações que baralham mentes, que se contradizem, que se misturam entre opiniões, realidades e (algumas) ficções. Uma confusão. Algo alucinante e que leva o cidadão "ao desespero". E é exactamente no meio de todo este turbilhão "explicativo" que surge no mercado este livro - que não apresenta apenas uma visão ou ideologia. Tenta, pelo menos, tocar em várias. Este é o segundo factor de diferenciação desta obra. Algo que se complementa com o bom ritmo de escrita, conseguido através de um bom envolvimento do leitor, que dará por si, às vezes, a rir no meio da "desgraça" que os números apontam (Basta olhar para os "títulos" ao lado).
Por último, um dos grandes méritos deste livro consiste na identificação que alguns leitores irão sentir quando confrontados com "a necessidade de mudança" transmitida pelo autor, que se adivinha um jovem nascido na segunda metade dos anos 70. Está cheio de garra, não quer saber de culpados, quer é soluções e sobretudo esclarecimentos. Quer ver crescimento. Afinal, quer garantir um Portugal melhor para ele. E, a valer pela dedicatória e pelos agradecimentos, para os filhos. Concordando, ou não, com algumas interpretações que o autor dá ( também aos números) e partilhando, ou não, a mesma opinião em relação a temas como o peso e função do Estado na Economia, ou a visão sobre o ultimato "mercado único ou moeda única", o facto é que vale a pena ler este livro, que funciona, também, como um manifesto a favor do progresso. Seja economista de água doce ou salgada, leia esta obra, que também toca no Mar. Como escreve o autor " Esta é uma história portuguesa, com certeza" à qual nem Fernando Pessoa falta. Afinal, "Não sei se é sonho, se realidade"(F.Pessoa).
ACERTO DE CONTAS IN LIVRO
Leia aqui o "Acerto de contas", publicado no final de cada um dos capítulos do livro "As contas politicamente incorrectas da economia portuguesa" (Guerra & Paz), da autoria de Ricardo Arroja.
CAPÍTULO 1
As Insolvências
A economia portuguesa, representando menos de 0,5 % do PIB mundial, terá produzido quase 2 % de todas as novas insolvências no mundo em 2012. Das 370.000 sociedades comerciais existentes em Portugal, 320.000 são microempresas, só 18.000 é que exportam, e destas 18.000 apenas 100 são responsáveis por cerca de metade do volume global de exportações portuguesas. Entre as empresas que vão sobrevivendo, depois de deduzidos os custos da dívida, o lucro normal médio na economia portuguesa é de zero por cento.
CAPÍTULO 2
Privados a Menos
O Investimento realizado pelas empresas privadas em Portugal passou de 15% do PIB em 2000 para menos de 10% no final de 2011, e o das famílias de 9% do PIB em 2000 para pouco mais de 4% em 2011. Na última década e meia, o crescimento do consumo público esteve inversamente correlacionado com o crescimento do investimento na economia. No índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas, que mede a qualidade de vida do País, em 2011 figurávamos no 41º lugar. Em 1975, após a revolução de Abril de 1974, estávamos em 24º.
CAPÍTULO 3
Terra Queimada
Nas últimas décadas, quase que deixámos de produzir. Deixámos de produzir coisas, os tais bens transaccionáveis que passámos a importar, e abandonámos o sector primário - agricultura e pescas. (...)
CAPÍTULO 4
Desindustrialização
A indústria não emprega hoje mais de 750.000 trabalhadores, ou seja, menos de 15% da população activa; em 1970, empregava um milhão de assalariados, que representava mais de 30% da população activa. A produtividade do capital físico, entre 2000 e 2009, diminuiu ao ritmo de 2,5% por ano, no que constitui o pior registo dos últimos cem anos. (...)
CAPÍTULO 5
Produtividade
Em Portugal, a produtividade por hora de trabalho em 2011 traduzia-se numa produção cujo valor era de 17 euros por hora de trabalho. Na vizinha Espanha, 30 euros. Na União Europeia, 32. Na média da Zona Euro, 37. (...)
CAPÍTULO 6
Portugal e o Livre Comércio
Ao longo da História, os portugueses raramente, e somente em caso de necessidade, se afirmaram enquanto produtores. (...)
CAPÍTULO 7
O "Monstro"
A democracia em Portugal teve um impacto sem precedentes na evolução da despesa pública. Desde o 25 de Abril até aos dias de hoje, a despesa pública passou de pouco mais de 20% do PIB para quase 50 % do PIB.
Portugal é um Estado unitário, ao contrário de outros Estados, que são federados. Mas nesta estrutura unitária emerge uma grande descentralização administrativa e financeira das entidades públicas. A burocracia e a ineficiência do Estado, manifestadas na gestão da despesa pública, em 2012, colocavam Portugal num lamentável 133º lugar, entre 144 países, em matéria de desperdício de recursos públicos.
A Educação
Considerando todo o universo de alunos no ensino superior público, cerca de 300.000 em 2010, cada
aluno custava aos portugueses mais de 8.000 euros por ano.
Ponderados os custos entre o ensino básico, o secundário e o superior, em 2012, o ensino público representaria em Portugal um investimento anual de 4.000 euros por aluno, num país onde a remuneração do trabalho per capita era de pouco mais de 8.000 euros por ano. Como nem todos têm de ser licenciados, o combate ao analfabetismo funcional deveria ser a principal prioridade educativa. Por exemplo, na Alemanha mais de metade dos alunos inscritos no ensino secundário frequentam o ensino vocacional, cerca de 56%, contra apenas 14 % em Portugal.
A Saúde
Em Portugal, a saúde em 2010 custava quase 11 % do PIB, contra 9,5 % na média dos países da OCDE. Na Zona Euro, estávamos em 5.º lugar na lista de países que mais investiam na saúde. Em 2010, o consumo de medicamentos por pessoa, depois de ajustado pelo custo de vida, era superior ao consumo per capita de países como a Dinamarca, a Noruega ou a Suécia.
Os subsistemas públicos de saúde representam uma inaceitável duplicação de custos para o Estado. Não faz sentido que, existindo o SNS, subsistam também outros sistemas públicos de saúde financiados em parte pelo Orçamento do Estado.
A Segurança Social
Existem hoje em Portugal vinte tipos de benefícios sociais, sendo que no final de 2011 existiam mais de 5,7 milhões de beneficiários. Somente entre os pensionistas, contavam-se três milhões de pessoas - 30 % da população.
Em Portugal, ao contrário do que a generalidade das pessoas julga, as contribuições que cada cidadão desconta enquanto activo não chegam para financiar as suas pensões assim que inactivo. Em 2011, os subscritores da Caixa Geral de Aposentações deveriam ter descontado mais 2000 milhões de euros além das contribuições e quotizações que efectivamente descontaram. Este regime especial desegurança social deveria deixar de existir.
O sector empresarial do Estado
O endividamento global do sector empresarial do Estado em 2011 era superior a 60.000 milhões de euros, mais de 30 % do PIB, uma dívida de 6.000 euros por cada português ou de 11.000 por cada português em idade activa. Os capitais próprios destas empresas, ponderados pela participação pública no seu capital social, eram negativos em quase 2.000 milhões de euros. Ou seja, se o Estado quisesse vender o seu sector empresarial, teria de pagar a quem o comprasse. O Estado deveria vender ou reduzir o seu envolvimento nas empresas públicas que causam prejuízos, e não naquelas que, apesar de tudo, ainda vão funcionando mais ou menos bem.
As PPP
Estas modalidades contratuais serviram para financiar projectos de investimento de cariz eminentemente público, sob gestão privada. Mas tivessem os contratos sido avaliados à luz de critérios ditos privados e nunca teriam conhecido a luz do dia.
Em 2011, um só contrato - a Rodoviária Interior Norte - consumiu quase 450 milhões de euros em encargos líquidos ao Estado, quase tanto quanto os 560 milhões utilizados para custear o sistema judiciário (tribunais) nesse mesmo ano. Em 2012, o valor actualizado dos encargos brutos previstos até 2051 correspondia a 26.000 milhões de euros, cerca de 15 % do PIB e quase 5.000 euros por contribuinte em idade activa.
Estado de mau exemplo
Em 2011, entre despesas irregulares, erros e omissões, regularização de dívidas e poupanças futuras, contabilizaram-se 650 milhões de euros. Destes, só em poupanças futuras, identificaram-se despesas no valorde 365 milhões que poderiam ser evitadas.
Entre 2000 e 2011, os consumos intermédios do Estado, onde se enquadram os bens e serviços subcontratados, representaram em média 4,5 % do PIB. Mas nos primeiros quatro trimestres após o resgate à República Portuguesa em 2011 estes mesmos consumos intermédios representaram 4,7 % do PIB. No final de 2011, em média, o Estado pagava a 84, 122 e 158 dias consoante se tratasse, respectivamente, da administração central, local (incluindo a regional), ou do seu sector empresarial. Os pagamentos em atraso atingiam os 4.700 milhões de euros - perto de 3 % do PIB.
CAPÍTULO 8
A Dívida
(...) Os cidadãos portugueses, entre dívidas explícitas e implícitas do Estado, estão onerados em quase 30.000 euros por cabeça, ou 55.000 euros por trabalhador em idade activa - além, é claro, das dívidas privadas da cada cidadão.
CAPÍTULO 9
O Futuro
A descentralização em Portugal degenerou frequentemente noutro traço característico da nossa cultura - a desresponsabilização. E à desresponsabilização, invariavelmente, somou-se uma atitude de relaxação. O português precisa de estar sob pressão.
O Estado central em Portugal deve, pois, ser forte, deve ser pleno, mas também tem de ser pequeno. A sua acção deveria centrar-se exclusivamente na segurança e na regulação económica, mas não na regulação administrativa nem na acção social.
Para países como Portugal, o mercado único é hoje incompatível com as exigências da moeda única. A prazo, sem uma federação europeia ou sem um mecanismo de transferências permanentes, ter-se-á de optar entre o mercado único ou a moeda única.
Politicamente (in)correcto.
Este é o primeiro título da colecção "Politicamente Incorrecto" da Guerra& Paz. "História Politicamente Incorrecta do Portugal Contemporâneo - de Salazar a Soares", de Henrique Raposo; e, "Uma Viagem Politicamente Incorrecta ao Cérebro Humano", de Alexandre Castro Caldas são os próximos títulos.
RICARDO ARROJA
Gestor e autor
Licenciado em Gestão pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Arroja iniciou a sua actividade profissional ligado ao sector financeiro. É, hoje e desde 2009, professor assistente no Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais. Além de escrever para os blogues Portugal Contemporâneo e O Insurgente, é comentador da RTP e colunista do Diário Económico e da Vida Económica.
MAIS EXCERTOS
As linhas que se seguem foram retirados do último capítulo do livro "As contas politicamente incorrectas da economia portuguesa". ( in "O Futuro", capítulo 9). Em jeito de conclusão escreve o autor:
"Portugal tem nove séculos de existência, mas essa existência está hoje ameaçada. Em pouco mais de 15 anos, a nossa posição líquida de investimento internacional - a diferença entre activos detidos por residentes e activos detidos por não residentes - passou de uma situação relativamente equilibrada, um défice de apenas 8% do PIB, para uma situação totalmente desequilibrada, um défice de superior a 100% do PIB. Por outras palavras, Portugal é hoje detido por não residentes, é detido pelo estrangeiro, e como se não bastasse, entre 2011 e 2014, teremos também sido um protectorado do estrangeiro. A quase bancarrota de 2011 - a terceira em menos de 40 anos de democracia representativa parlamentar - feriu, quiçá até de morte, a nossa dignidade enquanto povo soberano. Sobra-nos o idioma, o hino, e pouco mais. Resta-nos o legado dos nossos pais".
As coisas boas da Europa
"Os portugueses aprenderam a gostar das coisas boas da Europa Ocidental, e não se pode culpá-los. Abolição de fronteiras. Bens e serviços de qualidades estrangeira. Estabilidade política. Estabilidade monetária. Só coisas boas. Porém, o mundo não é perfeito, e nos seio da União Europeia tem residido um conflito latente entre a inviabilidade histórica de uma federação de países europeus e a inviabilidade prática de uma moeda única assente numa simples confederação de nações".
Mercado único vs moeda única
"A prazo, sem uma federação europeia ou sem um mecanismo de transferências permanentes, ter-se-á de optar entre o mercado único ou a moeda única, e se o fanatismo eurocrata for levado ao limite, poderemos acabar sem ambos e sem a própria União Europeia".
A questão de fundo
"A questão de fundo resume-se a duas simples interrogações, uma primeira de cariz estrutural e uma segunda de cariz conjuntural. Primeiro, como pode a economia portuguesa competir com economias cujo valor produzido por hora é em média o dobro da nosso? Segundo, como pode a economia portuguesa competir com economias que se financiam a taxas de juro muito inferiores às nossas?"
"A austeridade está para ficar, e sabemos que no futuro próximo a ela não deveremos escapar.
O desafio está em encontrar um caminho de futuro que, arrepiando este presente descaminho, nos devolva a segurança e a genuína esperança".
In prefácio, por Vítor Bento
"Sobre um alicerce frágil não é possível edificar uma casa sólida. Da mesma forma, apoiado em factos errados, não é possível construir uma argumentação certa (...) Este é o mal de que padece grande parte do comentário público em Portugal e, frequentemente, do próprio reporte noticioso, e que muito contribui para a pobreza do debate político-social(...)
Nada disto - a falta de rigor argumentativo - tem que ver, note-se, com diferenças de opinião. (...) Como é o caso de Ricardo Arroja, que neste livro reúne um conjunto de textos sobre temas diversos ligados à economia portuguesa e nos quais procura desmontar muitas das falácias argumentativas que se têm vindo a afirmar como 'verdades' na discussão pública, para isso recorrendo à profusa utilização de objectiva informação estatística". ( In Diário Económico de 16/11/12)
Há cerca de dois meses passei, com um olhar discreto, daqueles que não cativam as vendedoras, por uma loja. Estava nas Amoreiras. Em Lisboa. Era um Sábado. E (já tarde) parei para ver as ilustrações de um livro. De uma obra que, ali, em frente a mim, ganhava um novo brilho (tal era a potência do reflexo das luzes na vitrine da dita loja do "shopping center"). Parei.
Com um olho meio aberto; e o outro completamente fechado; típico de quem está a sonhar chegar a casa, observei. A imagem, essa, a dita que ali me abandonara aos olhos de todos, dos poucos que ali passavam, aquela hora, só podia ser forte. Era uma dessas imagens de uma coletânea de páginas que, não sendo soltas, me levam ao grito da liberdade, quando, tantas vezes em silêncio, as devoro. Estava em frente a um livro. "o filho de mil homens".
De súbito.... olhei e dei por mim a mergulhar numa terrina. Sim, numa terrina. Numa dessas peças que servem para servir sopa, guisado ou mesmo ensopado. Logo pensei: que peça!
E não é que era mesmo! O autor da obra literária: Valter Hugo Mãe. O autor da ilustração: João Vaz de Carvalho.
Dois bons nomes que me fizeram ficar ali parada a contemplar uma peça, uma ideia, um rasgo de marketing. Livros com autores, com artistas e com a dita marca.
O resultado?
Fantástico.
ps: apesar de não ter comprado fiquei a imaginar as personagens do livro enroladas dentro da terrina a salpicarem -se com gestos de amor. Subi, sem dúvida, mais um degrau a caminho do conhecimento do Crisóstomo. Com ou sem família inventada.
E TUDO ISTO para vos anunciar a nova peça - desta vez uma jarra - de mais dois autores. Grandes.
In press-release.
"Mia Couto e Roberto Chichorro, dois vultos da cultura moçambicana, são os autores da segunda peça da colecção da Vista Alegre “1+1=1” – um projeto inovador e arrojado da marca centenária de porcelanas portuguesa, em que um criador oriundo das mais diversas áreas culturais e um artista plástico se juntam, nascendo desse diálogo uma peça exclusiva da Vista Alegre.
“Mar Me Quer” foi a obra literária que o escritor Mia Couto escreveu em 1998 e que quis imortalizar nesta coleção da Vista Alegre Atlantis. Para transpor a barreira das palavras e para traduzi-las para a arte em porcelana Mia Couto contou o apoio do pintor moçambicano, Roberto Chichorro.
Assim nasceu a segunda peça da colecção “1+1=1” – a jarra “Mar Me Quer”, uma peça de notável valor artístico, e de edição limitada a 1000 exemplares, que é acompanhada por uma edição especial do livro que lhe serviu de mote e inspiração, reeditado exclusivamente para a Vista Alegre pela Caminho, com ilustrações de Chichorro.
“Curioso como as artes confundem fronteiras e se confundem nas fronteiras inventadas por outros. Quando escrevi a novela ‘Mar Me Quer’ fui visitado por canções e pinturas de outros artistas. O que se passa agora, mais do que uma década depois da publicação de ‘Mar Me Quer’, é que a criação e a criatura de Chichorro para a Vista Alegre se materializaram na minha escrita e vieram vestir um corpo que era feito apenas de palavras. Agradeço à Vista Alegre pela iniciativa. E agradeço ao Chichorro pelo diálogo e cumplicidade”, diz Mia Couto a propósito desta peça.
Chichorro segue-lhe o raciocínio e responde: “Nunca tinha pensado nas artes a confundir fronteiras, como diz, com toda a razão, Mia Couto. Penso que as artes desfazem fronteiras.”
A jarra “Mar Me Quer” encontra-se disponível na rede de lojas nacional da Vista Alegre Atlantis. O seu preço é de 170 euros.
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NOVIDADE: AGENDA.
Fique a conhecer os lançamentos editoriais da semana.
Opinião sobre o livro: "As Contas politicamente incorrectas da economia portuguesa", de Ricardo Arroja.
Contas portuguesas, com certeza
AUTOR APRESENTA "CAUSA DAS COISAS" EM NÚMEROS E FALA DOS DESAFIOS DO PAÍS.
"As contas politicamente incorrectas da economia portuguesa", da autoria de Ricardo Arroja, é um livro de leitura obrigatória. Por três razões. Primeiro, porque apresenta números, alguns pouco falados, outros largamente especulados. Mas todos contextualizados. E, todos de manifesto interesse - e muita oportunidade. Por outras palavras, esta obra que permite saber e interpretar números, leva à acção. Não só no final da leitura da obra; mas também durante a leitura da mesma. São vários os momentos em que o leitor se sentirá tentado a pegar num papel - ou num qualquer aparelho electrónico - e a escrever. A registar aqueles números que às vezes falham (ou não existem), na memória.
Numa linguagem simples e acessível, Arroja desmistifica muitos dos algoritmos que andam por aí a circular sem norte, de mãos dadas com muitas informações e citações que baralham mentes, que se contradizem, que se misturam entre opiniões, realidades e (algumas) ficções. Uma confusão. Algo alucinante e que leva o cidadão "ao desespero". E é exactamente no meio de todo este turbilhão "explicativo" que surge no mercado este livro - que não apresenta apenas uma visão ou ideologia. Tenta, pelo menos, tocar em várias. Este é o segundo factor de diferenciação desta obra. Algo que se complementa com o bom ritmo de escrita, conseguido através de um bom envolvimento do leitor, que dará por si, às vezes, a rir no meio da "desgraça" que os números apontam (Basta olhar para os "títulos" ao lado).
Por último, um dos grandes méritos deste livro consiste na identificação que alguns leitores irão sentir quando confrontados com "a necessidade de mudança" transmitida pelo autor, que se adivinha um jovem nascido na segunda metade dos anos 70. Está cheio de garra, não quer saber de culpados, quer é soluções e sobretudo esclarecimentos. Quer ver crescimento. Afinal, quer garantir um Portugal melhor para ele. E, a valer pela dedicatória e pelos agradecimentos, para os filhos. Concordando, ou não, com algumas interpretações que o autor dá ( também aos números) e partilhando, ou não, a mesma opinião em relação a temas como o peso e função do Estado na Economia, ou a visão sobre o ultimato "mercado único ou moeda única", o facto é que vale a pena ler este livro, que funciona, também, como um manifesto a favor do progresso. Seja economista de água doce ou salgada, leia esta obra, que também toca no Mar. Como escreve o autor " Esta é uma história portuguesa, com certeza" à qual nem Fernando Pessoa falta. Afinal, "Não sei se é sonho, se realidade"(F.Pessoa).
(Por Mafalda de Avelar in DE)
Entrevista a Silva Lopes:
http://livrosemanias.economico.sapo.pt/32039.html
Top Económico: Esta semana o histórico bestseller "Quem Mexeu no meu queijo", de Johnson Spencer, lidera.
Leia ainda sobre os livros e conheça os "autores TOP", que já foram entrevistados por este espaço.
TOP Económico
De 5 a 11 de Novembro 2012
1
Quem Mexeu no meu queijo
Johnson Spencer/Pergaminho
2
Resgatados - Os Bastidores da Ajuda Financeira
David Dinis e Hugo Filipe Coelho
Entrevista ao autor aqui.
3
Acabem com Esta Crise Já!
Paul Krugman/Presença
Entrevista ao economista Silva Lopes sobre o livro de Krugman. Aqui.
4
Sem Crescimento não há consolidação orçamental
Emanuel Augusto dos Santos/Sílabo
Entrevista ao autor aqui.
5
O Livro das Decisões
Mikael e Roman Tscha Krogerus/Marcador
6
O Banco - Como o Goldman Sachs
Marc Roche/Esfera dos Livros
Entrevista ao autor aqui.
7
Como Ser um Líder Eficaz
Dale Carnegie/Prime Books
8
Keynes/Hayek
Wapshott, Nicholas Wapshott/Dom Quixote
9
O Valor do Nada
Raj Patel/Marcador
Resenha aqui.
10
Ganhar com apostas desportivas
Paulo Rebelo/Marcador
Este Top é elaborado com a colaboração da Almedina,Barata,Bertrand, Book.it, Bulhosa e Fnac.
NOVIDADE: AGENDA.
Fique a conhecer os lançamentos editoriais da semana.
Leia na edição de Hoje (6f) do Diário Económico, a pré-publicação do livro "As Contas Politicamente Incorrectas da Economia Portuguesa" (Guerra&Paz), da autoria de Ricardo Arroja.
A pré-publicação e a entrevista ao autor estarão, a partir de terça- feira, disponíveis neste espaço.
Opinião sobre o livro:
Contas portuguesas, com certeza
AUTOR APRESENTA "CAUSA DAS COISAS" EM NÚMEROS E FALA DOS DESAFIOS DO PAÍS.
"As contas politicamente incorrectas da economia portuguesa", da autoria de Ricardo Arroja, é um livro de leitura obrigatória. Por três razões. Primeiro, porque apresenta números, alguns pouco falados, outros largamente especulados. Mas todos contextualizados. E, todos de manifesto interesse - e muita oportunidade. Por outras palavras, esta obra que permite saber e interpretar números, leva à acção. Não só no final da leitura da obra; mas também durante a leitura da mesma. São vários os momentos em que o leitor se sentirá tentado a pegar num papel - ou num qualquer aparelho electrónico - e a escrever. A registar aqueles números que às vezes falham (ou não existem), na memória.
Numa linguagem simples e acessível, Arroja desmistifica muitos dos algoritmos que andam por aí a circular sem norte, de mãos dadas com muitas informações e citações que baralham mentes, que se contradizem, que se misturam entre opiniões, realidades e (algumas) ficções. Uma confusão. Algo alucinante e que leva o cidadão "ao desespero". E é exactamente no meio de todo este turbilhão "explicativo" que surge no mercado este livro - que não apresenta apenas uma visão ou ideologia. Tenta, pelo menos, tocar em várias. Este é o segundo factor de diferenciação desta obra. Algo que se complementa com o bom ritmo de escrita, conseguido através de um bom envolvimento do leitor, que dará por si, às vezes, a rir no meio da "desgraça" que os números apontam (Basta olhar para os "títulos" ao lado).
Por último, um dos grandes méritos deste livro consiste na identificação que alguns leitores irão sentir quando confrontados com "a necessidade de mudança" transmitida pelo autor, que se adivinha um jovem nascido na segunda metade dos anos 70. Está cheio de garra, não quer saber de culpados, quer é soluções e sobretudo esclarecimentos. Quer ver crescimento. Afinal, quer garantir um Portugal melhor para ele. E, a valer pela dedicatória e pelos agradecimentos, para os filhos. Concordando, ou não, com algumas interpretações que o autor dá ( também aos números) e partilhando, ou não, a mesma opinião em relação a temas como o peso e função do Estado na Economia, ou a visão sobre o ultimato "mercado único ou moeda única", o facto é que vale a pena ler este livro, que funciona, também, como um manifesto a favor do progresso. Seja economista de água doce ou salgada, leia esta obra, que também toca no Mar. Como escreve o autor " Esta é uma história portuguesa, com certeza" à qual nem Fernando Pessoa falta. Afinal, "Não sei se é sonho, se realidade"(F.Pessoa).
(Por Mafalda de Avelar in DE)
Entrevista a Silva Lopes:
http://livrosemanias.economico.sapo.pt/32039.html
Relativamente ao Top Económico, esta semana, o histórico bestseller "Quem Mexeu no meu queijo", de Johnson Spencer, lidera.
Leia ainda sobre os livros e conheça os "autores TOP", que já foram entrevistados por este espaço.
TOP Económico
De 5 a 11 de Novembro 2012
1
Quem Mexeu no meu queijo
Johnson Spencer/Pergaminho
2
Resgatados - Os Bastidores da Ajuda Financeira
David Dinis e Hugo Filipe Coelho
Entrevista ao autor aqui.
3
Acabem com Esta Crise Já!
Paul Krugman/Presença
Entrevista ao economista Silva Lopes sobre o livro de Krugman. Aqui.
4
Sem Crescimento não há consolidação orçamental
Emanuel Augusto dos Santos/Sílabo
Entrevista ao autor aqui.
5
O Livro das Decisões
Mikael e Roman Tscha Krogerus/Marcador
6
O Banco - Como o Goldman Sachs
Marc Roche/Esfera dos Livros
Entrevista ao autor aqui.
7
Como Ser um Líder Eficaz
Dale Carnegie/Prime Books
8
Keynes/Hayek
Wapshott, Nicholas Wapshott/Dom Quixote
9
O Valor do Nada
Raj Patel/Marcador
Resenha aqui.
10
Ganhar com apostas desportivas
Paulo Rebelo/Marcador
Este Top é elaborado com a colaboração da Almedina,Barata,Bertrand, Book.it, Bulhosa e Fnac.
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José Silva Lopes é o convidado de Mafalda de Avelar, autora do programa "Ideais em Estante". Em entrevista, Silva Lopes defende que Paul Krugman, que teve o seu primeiro emprego internacional em Portugal, devia ser mais escutado.
"Krugman é dos economistas que mais me influencia"
SILVA LOPES DEFENDE QUE PAUL KRUGMAN, QUE TEVE O SEU PRIMEIRO EMPREGO INTERNACIONAL EM PORTUGAL, DEVIA SER MAIS ESCUTADO. E KEYNES ENTENDIDO.
Num momento em que Krugman é considerado mais polémico do que nunca, e isto porque tem visões "mais à esquerda" que os tradicionais economistas norte - americanos, Silva Lopes fala do último livro do Nobel de Economia (2008) e afirma que o que faz falta em Portugal é debate intelectual.
Em entrevista, esclarece: "Este problema (das escolas keynesianas versus as "anti-keynesianas) é muito discutido, lá fora. Mas infelizmente, em Portugal, discutimos isto numa base intelectual muito pobre". Considerando que "Krugman é um keynesiano declarado", Silva Lopes afirma que "esta crise mostrou completamente porque é que os economistas de água doce (os que rejeitam as teorias de Keynes) não têm razão".
Porém, "o que é espantoso é que eu pensava que a crise, que demonstrou que eles não têm razão, ia fazer com que eles viessem a perder terreno. Mas não".
Em entrevista, que pode ser vista na íntegra no programa "Ideias em Estante" (no ETV), Silva Lopes não esconde o seu descontentamento com as actuais políticas europeias. Sobre a obra de Krugman, refere que o Nobel tenta passar a mensagem de que "nós não devemos andar com esta obsessão da redução dos défices orçamentais". A intervenção dos bancos centrais, criação de moeda e inflação são também temas sempre abordados pelo economista Nobel.
Em entrevista, Silva Lopes, fala ainda da relação que manteve com Krugman, em Portugal, no pós 25 de Abril. "O meu primeiro emprego internacional foi em Portugal", declarou, em 2010, em entrevista a este espaço, Paul Krugman, a propósito de ter trabalhado com Silva Lopes, quando este foi Governador do Banco de Portugal. Dornbusch, Solow, Lance Taylor, Richard Eckaus, Cary Brown, Andrew Abel, Jeffrey Frankel e Krugman são alguns nomes de economistas que passaram por Portugal nesse período. Três são, hoje, Nobel de Economia.
Porque é que este livro é pertinente?
Como o próprio título diz que esta obra trata dos problemas da crise financeira e económica que o mundo está a fazer face actualmente; e, essencialmente, apresenta as primeiras opiniões do autor sobre as políticas que devem ser seguidas para sairmos desta crise.
O que advoga Krugman?
Bem, o autor é - aquilo a que nos Estados Unidos se chama de - "Liberal". Liberal não se pode traduzir em português por "liberal" (apesar de se escrever da mesma forma). Liberal em português é um economista que acredita no mercado, que não quer o governo (ou melhor que quer o governo reduzido às dimensões mais simples), que quer o mercado sem regulação. Nos Estados Unidos é exactamente tudo ao contrário. O "liberal", aquilo a que poderíamos chamar, aqui, de centro esquerda (lá nos Estados Unidos é considerado até bastante à esquerda) é quem pensa que o Estado deve ter um papel fundamental na gestão da economia, nomeadamente em períodos de crise, que a regulação é fundamental porque os mercados funcionam muito mal. O Krugman tem defendido isso em livros anteriores e principalmente na coluna que escreve todas as semanas no New York Times. Ele é considerado nos Estados Unidos um dos economistas mais controversos, por estar à esquerda e uma grande parte dos economistas americanos estarem à direita.
Economistas de água doce e de água salgada ?
Krugman cita, aliás, no livro que os economistas americanos se dividem em dois grupos. Os economistas de água doce e os de água salgada. Os economistas de água doce são aqueles da região dos grandes lagos - Chicago e arredores - e que defendem que os mercados funcionam na maravilha, que o governo deve ser reduzido à sua expressão mais simples, que não deve haver regulação de mercados porque eles funcionam muito bem e que as perspectivas keynesianas são uma coisa do passado. Olham com desprezo para as teorias keynesianas. O Krugman pertence aos economistas de água salgada (normalmente da costa leste e Oeste. Ex: MIT). Krugman é um keynesiano declarado. Embora adaptando sempre a teoria à realidade. Aquilo que se ensina na maior parte das universidades americanas - e em algumas universidades portuguesas - é que o keynesianismo é uma coisa do passado. Isto, para desprezar. Ignora-se completamente o Keynes. Porém, esta crise mostrou, completamente, como é que os tais economistas de água doce não têm razão.
(Publicado no Diário Económico, na Ideias em Estante", a 09/11/2012)
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- A Competitividade e as Novas Fronteiras da Economia
- Como a Economia Ilumina o Mundo
Rampini, autor do Século Chinês
Stephen Dubner e Steven Levitt, autores de "Freakonomics"
Tim Hardford, autor de "O Economista Disfarçado"
Ashutosh Sheshabalaya, autor de "Made in Índia"