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Começou em 1930, ano de crise financeira. Em 2011, com cenário semelhante, a Feira do Livro reinventa-se para o futuro.
Estávamos em 1930,curiosamente um ano depois do primeiro grande crash financeiro do século XX e ano em que Salazar já era Ministro das Finanças. Era cedo. Tão cedo que a foto ainda não ganhava a luz do dia - aquela que iria invadir a Praça do Rossio de livros ainda a preto e branco mas já com a calor e o glamour do valor de um livro. Talvez por isso o palco escolhido para a realização da primeira Feira do Livro de Lisboa tenha sido o famoso largo do Rossio. Uma montra criada pelos lojistas da capital portuguesa,que reunidos através de um Grémio,organizaram o primeiro certame da mística capital da poesia de Fernando Pessoa. Do lugar sofredor do grande terramoto,do lugar impulsionador das descobertas marítimas globais,que estiveram para muitos autores na origem do conceito “ globalização”,que hoje leva e trás tantas obras,tantos autores,tanta ideologia ao mundo - e até nós.
Em escala mais micro,falamos da cidade das sete colinas que persistem em lembrar ao povo português que existem altos e baixos. Também eles na vida! Sempre a subir esteve no entanto o local ininterruptamente escolhido para a organização deste certame. Começando no Rossio esta Feira foi subindo sendo que passou a ser organizada na Av. da Liberdade antes de se “sentar” nas costas de Marquês de Pombal,o ilustre Ministro de D. José,que tendo vistas largas proporcionou um espaço grandioso – o Parque Eduardo VII – de vistas também elas grandes; e hoje em plena República,com ou sem geração à rasca,de bandeira nacional bem içada. Ao alto e no alto,claro está!
Resistindo, sem falhas, a todas e quaisquer oscilações político-económicas, este evento nacional nem nos períodos mais conturbados da nossa história, como foi o significativo e marcante “25 de Abril de 1974”, fechou as suas portas. Como recorda Miguel Freitas da Costa, Diretor da Feira do Livro de Lisboa, este certame “está na sua 81ª edição e nunca, mas nunca, foi interrompido”.
Sempre com mais adesão por parte de editores e livreiros esta Feira que nasceu com os livreiros depressa passou a dar mais espaço às editoras. Apesar de ter começado por ser “misto”- ou seja editores e livreiros misturavam-se - nos últimos anos ganhou mais diferenciação. E os editores força. De notar, por exemplo, que atualmente a Feira dos Livreiros ocorre uns dias antes da Feira do Livro. Em nota de rodapé de notar que hoje livreiros e editores, tais como a Bertrand, que foi recentemente adquirida pela Porto Editora; ou como a Babel que é livreira e editora, se confundem cada vez mais. É caso para escrever que a história se repete. E no fim, tal como um idoso, voltamos ao que éramos. Mas antes dessa curva existem as ditas colinas e uma delas deverá ocorrer em 2013, ano em que decorrerá com novos moldes a 83ª edição da Feira do Livro. O lugar escolhido deverá ser o mesmo – o Parque Eduardo VII. A lógica do espaço essa – e segundo declarações de Paulo Teixeira Pinto, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) – será a de uma nova feira do livro, “com um novo ordenamento do espaço e num modelo apenas aplicável a Lisboa". A evolução do “espaço” resultará de um protocolo com a Trienal de Arquitetura. Haverá um concurso internacional para a conceitualização global mas mais detalhes não podem, por enquanto, ser revelados.
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Parte I.
… (ainda no rescaldo do anúncio de Domingo)
Vivemos num País onde o Presidente da República,a oposição e os demais parlamentares comunicam,cada vez mais,com o povo através de uma rede social,que apesar da sua crescente (e merecida) importância,não deixa de ser virtual. Isso irrita? Muito!
Mas irrita sobretudo saber que num momento delicado,como o que estamos a viver hoje,ninguém se lembre de que os sentimentos estão à flor da pele e que existe sede de confiança transmitida “olhos nos olhos”. Existe sede de humanismo! As redes sociais são indubitavelmente muito importantes. Todos nós lá estamos e os que ainda lá não “residimos” já lá desejávamos estar. Basta ler,por exemplo,o livro Socialnomics em que Erik Qualman refere que “ O tens facebook?” substitui o “Dás-me o teu número de telefone” para entendermos como os “quadros estão a mudar”. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades…
Mas a vida – que é composta por realidades,expectativas e sentimentos – não é uma equação de resultados fixos. É antes variável. E uma verdade absoluta - por mais verídica que seja - pode não ter enquadramento pratico num jogo. Que Ronaldo é “bom”,dizem os entendidos,não restam dúvidas. Mas jogará bem em todas as equipas?
A questão vital aqui é que estamos cansados,exaustos e a precisar não de uma mensagem impessoal mas sim de uma expressão que nos console a alma. E ai – no que toca ao humanismo – as redes sociais,a Internet,as vídeo-conferências… perdem para tudo o que é real. ( Principalmente porque a crise é real e não obstante: é provocada por falta de “economia real”)
Ninguém se lembrou disso? Ao que parece,pela crescente adesão a esta ferramenta de comunicação por parte de figuras públicas,o foco está “na suposta ponta da lança”. É caso para escrever que todos apostam nos nichos. (Andam a ler muito Chris Anderson mas esquecem que uma grande percentagem do povo ainda não ouviu falar deste autor).
MAS ATENÇÃO: Os utilizadores Não leram tudo!
Os grandes autores que advogam que o futuro passa pelas redes sociais,tais como,Erik Qualman,que escreve “Os novos reis são hoje as pessoas que recomendam produtos e serviços por via das ferramentas sociais”,alertam também para os PERIGOS. Dizem os entendidos que mais vale não estar do que estar mal.
E quem não está em bons lençóis é Fernando Nobre, que acaba de fechar, segundo o site do jornal Expresso, a sua página do Facebook dada a grande quantidade de mensagens não abonatórias à sua pessoa. Nobre esta a queimar-se na própria fogueira? Sem dúvida. E DUPLAMENTE. É esse o poder,também,desta ferramenta que dá voz a todos os internautas – esse é o lado bom desta tecnologia aplicada à democracia. Mas isso não leram os experts em comunicação que se dirigem “aos fantásticos” 2 347 140 de portugueses que têm página no Facebook ( segundo MKT Portugal).
E isso irrita?
Muito. Afinal somos 10 milhões… ou seja agora comunicamos para nichos ou para um Portugal inteiro?
A minha avó não tem Facebook, mas vota! Mais grave: paga e sempre pagou impostos.
Não falarem para essa grande Senhora irrita? Sim e muito. Para além do conteúdo, que não vou para já comentar, a forma destas últimas comunicações oficiais ao País foram terríveis.
Num país onde é necessária frontalidade mostrem a cara! Não a escondam por detrás de Faces. As novas tecnologias existem para serem utilizadas e significam progresso. Mas saibam usá-las. Senão,ficam reféns das mesmas…
Ps: ….e ainda assim a minha avó e as suas amigas devem estar a tomar chá sem saberem de nada. Talvez à noite assistam ao jornal das 20h! E ai a noticia não vai ser um anúncio nacional,que as “facebook excluídas não leram”; o que vai ser noticia será com toda a certeza que “ Nobre fecha página”. Do quê? "Dessa coisa da net!", dirão, com quase toda a certeza as amigas da minha avó que fazem parte dos quase 80% da população nacional que não tem FaceBook.
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Ashutosh Sheshabalaya, autor de "Made in Índia"