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“E depois da crise?”, de Luís Mira Amaral, presidente do Banco BIC, é o destaque editorial desta semana. Entenda o que esteve na origem desta crise e como podemos sair dela. Em estúdio Mafalda de Avelar entrevista Maria Teixeira Alves, grande repórter do DE, que dá um inside sobre o percurso profissional do ex-Ministro da Indústria e Energia.
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"O Efeito Checklist - Como aumentar a Eficácia" de Atul Gawande
Este é um daqueles livros que se lê num ápice, em menos de uma tarde, e que merece a pena ser lido: afinal pode salvar literalmente vidas.
Atul Gawande, médico cirurgião, considerado um dos maiores especialistas mundiais da remoção de glândulas cancerosas e autor de dois 'best sellers', nomeadamente a "A mão que nos opera" e "Ser Bom não chega" volta à carga com as suas interessantes escritas.
Apesar de o tema estar sempre à volta do mesmo - isto é da tão importante ferramenta de gestão chamada eficácia - cada vez que este médico escreve, a surpresa está lá.
Em "O efeito checklist" Atul Gawande revela uma série de descuidos médicos que poderiam ter sido evitados caso alguém se tivesse lembrado de "confirmar"antes de "embarcar para o bloco". E se o tema é pertinente, a negligencia médica, a forma de o abordar é brilhante. Isto porque mais cedo ou mais tarde toca a todos.
E quem não é sensível à temática saúde? E ao receio de sermos vítimas de erros médicos? Todos somos humanos e como tal sabemos que o erro humano existe. Só esperamos que não nos bata à porta. Começando com distintos relatos pessoais de erros médicos- recordados pelo próprio cirurgião e também por alguns colegas -, Gawande viaja pelo mundo do reconhecimento do erro dentro de uma sala de operações; e a mil à hora apresenta as técnicas de gestão ( nomeadamente de 'checklist') que podem ser utilizadas não só nos hospitais mas em qualquer segmento da nossa sociedade. Tudo com o objectivo máximo de evitar o erro. Ou melhor: evitar muitos erros.
Segundo este médico, que tem uma escrita rítmica e que nos mantém acelerados e curiosos por ler o capítulo seguinte, a lógica subjacente à eficácia de uma checklist é a de que "nos lembramos" e a de potenciarmos o trabalho individual - e também o de equipa - se fizermos de forma conjunta uma lista das coisas importantes " a ter em mente" para o nosso projecto.
No caso de uma cirurgia médica o que pode estar em causa é tão importante e simples como a vida. Por isso este ensaio desenvolvido por Gawande, colaborador da revista The New Yorker e colunista do New England Journal of Medicine, ser considerado uma peça importante de estudo.
Uma das conclusões desta obra é a de que os erros existem mas também existem, cada vez mais, métodos de os eliminar.
Nesta obra e de forma directa confessa que conseguiu reduzir, em quase 50%, a mortalidade nos blocos operatorios de oito hospitais com a aplicação desta que já é considerada uma revolucionária lista de controlo.
Num mundo comandado pela tecnologia e pela inovação os erros humanos continuam a minar muitas taxas de sucesso. O curioso, pelo menos é o que demonstra este autor, é que às vezes esses erros podem ser evitados se aplicarmos procedimentos simples. Tão banais como fazer uma lista. Se tivermos em mente as palavras sobre esta obra de Malcolm Gladwell, autor de Blink, que diz que " Há anos que não lia um livro tão poderoso e estimulante", ou as de Steven Levitt, autor de Freaknomics, para quem "Há séculos que não lia um livro tão bom", creio que vale a pena ler. Não escreverei "Há séculos" tão pouco "Há anos", mas afirmo que esta leitura é recomendável. Sobretudo aconselhável a quem quer ser mais organizado e aplicado na gestão. Dos hospitais às empresas.
EXCERTOS
Aqui está a situação do século XXI:
Acumulámos um 'know how' estupendo. Pusemo-lo nas mãos de algumas pessoas mais bem formadas, competentes e trabalhadoras da nossa sociedade. E, com ele, essas pessoas conseguiram na verdade realizar coisas extraordinárias. Mesmo assim, esse 'know how' é muitas vezes ingovernável. Fracassos que se poderiam evitar são comuns e persistentes, para não dizer que são desmoralizadores e frustrantes, em muitos campos - da medicina à economia, dos negócios ao governo.
O conhecimento salvou-nos ...
O conhecimento salvou-nos e sobrecarregou-nos ao mesmo tempo. Isto significa que precisamos de uma estratégia diferente para vencer o fracasso, uma estratégia que se apoie na experiência e tire partido do conhecimento que as pessoas têm, mas que de alguma forma também compense as inevitáveis imperfeições humanas. E essa estratégia existe - embora possa parecer quase ridícula na sua simplicidade, talvez até irracional para aqueles de nós que passaram anos a desenvolver cuidadosamente capacidades e tecnologias cada vez mais avançadas. É uma 'checklist'.
E agora?
Mas agora o problema que enfrentamos é a inaptidão, ou talvez seja "aptidão" - ter a certeza de que aplicamos o conhecimento de maneira coerente e correcta. A simples escolha do tratamento certo para a vítima de ataque cardíaco entre as várias opções já pode ser difícil, mesmo para médicos experientes. Para além disso, seja qual for o tratamento escolhido, cada um deles envolve grandes complexidades e armadilhas.
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Rampini, autor do Século Chinês
Stephen Dubner e Steven Levitt, autores de "Freakonomics"
Tim Hardford, autor de "O Economista Disfarçado"
Ashutosh Sheshabalaya, autor de "Made in Índia"