Sábado, 30 de Setembro de 2006
“Making Globalization Work"
Conhecido pelas suas criticas a organizações internacionais, Stiglitz, prémio Nobel de economia em 2001, dá seguimento através desta nova obra, ao seu último trabalho aplaudido de pé pelo mundo – Globalization and Its Discontents.
Em “Making Globalization Work”, este ex- Economista Chefe do Banco Mundial, apresenta as principais debilidades do sistema mundial e dá a sua opinião sobre as soluções que deverão ser seguidas. Convicto de que uma atitude de mudança é necessária, por exemplo, nas Nações Unidas, no FMI e no Banco Mundial, Stiglitz defende a tomada de consciência de que a globalização deve ser para todos (para os países desenvolvidos e para os em vias de desenvolvimento) não apenas por via da chamada moralização mas acima de tudo pelo desenvolvimento do mundo. Uma obra económica de leitura agradável, embora inquietante, que tem o cunho original do autor. Como curiosidade: esta obra não está a causar unanimidade em torno da validade prática da mesma. Como a The Economist refere Stiglitz “continua a ser o artista do impossível”.
"O Livro que me Marcou" - José Amado da Silva
“Eu tenho progressivamente ganho a convicção de que o tipo de concorrência que temos, com todos os seus defeitos – e que são sérios – é melhor do que a norma “pura e perfeita” porque aponta para o progresso. Alguns afastamentos da concorrência “pura e perfeita” são não só inseparáveis do progresso mas necessários para ele”, esta afirmação, “que eu subscrevo”, diz Amado da Silva, é de John Maurice Clark (1884-1963) e encontra-se em “Competition as a Dynamic Process”(1961), o livro eleito pelo professor como uma das obras que mais o marcou.
Sendo uma das fontes da tese de doutoramento de Amado de Silva publicada em “Economia Industrial e Excesso de Capacidade”, (onde fala, entre outros, de fusões, aquisições, política anti-trust e regulamento de controlo de concentração de empresas), esta obra assume um especial relevo para o professor, que se questiona “será que este livro me levou a pensar da forma que penso hoje? Ou será que eu já pensava assim e encontrei alguém que pensou da mesma maneira?”.
Pioneiro, este documento surge como uma evolução de um artigo publicado pelo autor na American Economic Review - “Toward a Concept of Workable Competition (1940). Um progresso que surgiu face a constatação de que “ a concorrência praticável não é aquela que se pode fazer, mas aquela que se faz”. Clark, que antecipou as ideias de Keynes, apresenta a concorrência (ao contrário do seu pai, um economista neo-clássico), não como um estado, mas como um processo dinâmico. “O equilibro está para o pai, como o processo dinâmico para filho”, observa Amado da Silva, que reconhece nesta visão dinâmica um dos factores de diferenciação do livro. O outro consiste na importância da “ética económica”. Duas variáveis que dão brilho aos olhos deste professor de economia industrial, que tem hoje nas mãos uma das maiores decisões sobre politica de concorrência no país. Como deixa escapar, enquanto folheia os seus apontamentos, “tento colocar em pratica, todos os dias, a evolução que também tenho vindo a fazer.” Um processamento onde as ideias de Clark estão vigentes e onde a economia social se impõem, uma vez mais, “porque olha para a realidade do funcionamento da economia”.
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José Manuel Amado da Silva, licenciado em Engenharia Químico – Industrial pelo IST, Doutorado em Economia pela Universidade Católica Portuguesa. Foi docente no ISCTE, no INP, na Faculdade de Economia da UNL, na Autónoma e na UCP, tendo sido Vice-Reitor. Consultor nas áreas de privatizações, avaliação de programas comunitários, estratégias empresariais, política industrial e regulação. Actualmente é Presidente da ANACOM.
Quarta-feira, 13 de Setembro de 2006
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Sábado, 9 de Setembro de 2006
"O livro que me marcou" - António Pinto Barbosa
The Calculus of Consent – Logical Foundations of Constitucional Democracy (Cálculo do Consenso), Buchanan e Tullock, editado pela The University of Michigan Press, 1962
"O Cálculo do Consenso", escrito em 1962, por James M. Buchanan com Gordon Tullock, foi uma das obras de economia que mais marcou António Soares Pinto Barbosa. ¨Surpreendeu-me muito esta obra!¨. A ligação entre a economia e a política é um dos pontos citados pelo Professor como referenciais deste livro. Segundo Pinto Barbosa, Buchanan foi o investigador e economista que criou uma área (até então) desconhecida ¨que aplica análises económicas ao estudo da decisão política”. Uma área, que segundo Pinto Barbosa, é muito actual. “Cada vez mais se sente a influência da política na economia e vice-versa¨, afirma o professor que leu, pela primeira vez, esta obra em 1972, quando se encontrava a cumprir o Serviço Militar na Marinha. A história foi, sumariamente, a seguinte: Pinto Barbosa ficou encarregue de desenvolver um trabalho sobre Financiamento de Despesas Militares. “Na altura estavamos em guerra”, recorda. Para efectuar esse mesmo estudo recorreu à biblioteca do ISEG e, aí, deparou-se com este livro que o fascinou. “Abriu-me os horizontes.” A admiração pela teoria desenvolvida por Buchanan levou Pinto Barbosa a procurar a fonte. “Eu queria ir, justamente, conhecer o autor¨. Pinto Barbosa partiu ao encontro de Buchanan que “felizmente me acolheu lá ( The Center for Study of Public Choice – Virginia )¨. Uns anos mais tarde, Buchanan, que foi supervisor de Pinto Barbosa durante o seu doutoramento, viria a ser reconhecido como Nobel de Economia (1986) precisamente pelo contributo para a área de Estudos Públicos, de onde se destaca o “Cálculo do Consenso.”
Segundo Pinto Barbosa o contributo, em termos gerais, deste livro reside no facto “de ser fulcral na criação de uma nova área disciplinar onde se procura aplicar a análise económica ao estudo da decisão politica.” Num plano mais específico, existem dois aspectos a ter em conta: por um lado levanta a questão de “Como escolher entre regras de escolha colectiva e quais os factores a ter em conta nesse cálculo (tais como o custo das tomadas de decisão, os custos externos, o custo de uma decisão desfavorável, vencida…). Por outro, complementando, apresenta ainda uma perspectiva constitucional de longo prazo (a incerteza Rawlsiana) na escolha das regras de escolha. Por outras palavras, e utilizando uma analogia, trata-se de entender “como escolher as regras de jogo sem saber as cartas que nos vão parar às mãos.”
Reconhecendo que “a grande importância de Buchanan é o seu lado criativo”, Pinto Barbosa desabafa, com uma reconhecida humildade (enquanto folheia o livro), “eu estava cá e o estimulo à criação de novas ideias deste autor, levou-me a ir atrás desta obra - de uma pessoa e não de uma instituição.” Numa era em que a ideologia, por vezes parece não estar na ordem do dia, aqui fica o testemunho de um licenciado que se tornou doutor em Economia com a supervisão de um Nobel. Tudo isso, não só mas também, porque um dia leu um livro…
António Soares Pinto Barbosa, professor da Universidade Nova de Lisboa, licenciado em Finanças pela Universidade Técnica de Lisboa e doutorado em Economia pela Virginia P.I. & State University
Esta partilha foi publicado na rubrica "Ideias em Estante", Expresso, a 9 de Setembro de 2006
Quinta-feira, 7 de Setembro de 2006
"O Livro que me Marcou" - José Veiga Simão
A "Riqueza das Nações" é um dos livros que mais marcou José Veiga Simão, um físico – químico de formação que conheceu a obra de Adam Smith durante o seu doutoramento em Física Nuclear em Cambridge (1953 -57)."Na altura os doutorandos tinham aulas de cultura geral e discutiam entre si os problemas mais actuais de diferentes áreas do saber", afirma o professor, adiantando que uma das "questões do momento" era de teor económico ("A economia é ou não uma ciência?"). "A minha sedução por este livro resultou, essencialmente, de me chamar a atenção para a importância para o progresso da produção científico-económica e para a perspectiva inovadora de uma mais íntima inter-relação entre a Ciência e a Economia", afirma Veiga Simão, que considera "que não é por acaso que muitos qualificam Adam Smith como o "pai da ciência económica", e não é por acaso que o título inicial do livro era "Inquérito sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações".
Confessando que os livros que mais o marcaram se situam em áreas do conhecimento como a "Origem do Universo", a "Estrutura da Matéria" e a "Origem da Vida", o professor reconhece que esta obra clássica lhe ofereceu "uma visão globalizante, de processos em evolução permanente sobre criação, circulação e repartição da riqueza, ou seja, sobre a competitividade entre nações."
Veiga Simão, que é tido por muitos como o pai das reformas educativas em Portugal, tendo sido mentor de projectos como a criação da Universidade Nova de Lisboa, a de Aveiro, a do Minho, a de Évora e até mesmo a Universidade de Lourenço Marques, concluiu dizendo que "reflectir sobre a pobreza, vencendo-a, e dinamizar mecanismos de sucesso na criação de riqueza exige cultura científica para que seja uma ambição permanente de cidadania. A leitura da "Riqueza das Nações" ensinou-me este caminho."
Sobre Veiga Simão
José Veiga Simão
, licenciado em Ciências Físico-Químicas (Coimbra), Doutor em Física Nuclear, (Cambridge), Doutor em Ciências Físico-Químicas, com distinção e louvor, com 20 valores (Coimbra), Reitor da Universidade de Lourenço Marques (1963-70)., Ministro da Educação Nacional (1970 – 74); Embaixador de Portugal nas Nações Unidas (1974 –75); Ministro da Indústria e Energia, (1983- 85); Ministro da Defesa Nacional, (1997 -99)
Mais sobre mim
Mafalda de Avelar, 36 anos, é formada em Economia pela Universidade Nova de Lisboa e tem Mestrado em Relações Internacionais pela Johns Hopkins University (School of Advance and International Studies - SAIS - ); tendo estudado nas cidades de Bolonha, em Itália; e em Washington Dc, Estados Unidos.
No seu percurso académico e profissional, foi estudante Erasmus na Catholic University of Leuven (Bélgica) e frequentou o Mestrado em Comércio Externo na Universidade de São Paulo – USP- Brasil (Mestrado este que ainda não concluiu); participou no programa da Universidade Católica - GásÁfrica, na Guiné Bissau; no programa Contacto do ICEP, no Brasil; deu aulas e explicações de cariz social em vários bairros de Lisboa; estagiou na Young and Rubicam (Dinamarca); e, foi assistente de Microeconomia do Professor Eric Fisher (Bolonha/SAIS).
Jornalista desde 1999, trabalhou na Folha de S.Paulo, na Gazeta Mercantil e no InvestNews. Foi correspondente freelancer do Independente (a partir de São Paulo, Buenos Aires, Bolonha e Washington Dc), esteve nos departamentos de Marketing do jornal Público e da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa.
Blogista deste espaço "livros e manias" e de "livrosavoltadomundo.blogs.sapo.pt”, colaborou no programa Sucesso.pt,da SIC Notícias, e é co-autora do livro " Sucesso.pt".
Vários anos como jornalista freelancer em Portugal e no exterior, colaborou ainda numa Produtora de Cinema Nacional - Stopline Films - em que acumulou as funções de "Selecção de Guiões" e de " Acordos Internacionais".
É autora da coluna “Ideias em Estante”, originalmente - e durante quatro anos - publicada no jornal Expresso, que agora é publicada no Diário Económico, aos sábados.
Já no Diário Económico, a "Ideias em Estante" ganhou também dois novos formatos. Entrevistas aos autores, transmitidas na Web e TV Económico. E formato televisivo.
Na “Ideias em Estante” é também publicado o primeiro TOP Nacional de Livros de Economia e Gestão. Um Top da autoria de Mafalda de Avelar, que surge à semelhança de outros tops internacionais e que é realizado em estrita colaboração com as seguintes livrarias: Almedina, Babel, Barata, Bertrand, Book.it, Bulhosa e Fnac.
No Diário Económico, a jornalista assina ainda algumas das Grandes Reportagens publicadas às sextas - feiras.