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Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2013
"Conciliar carreira e família é hoje muito difícil"

 

"Conciliar carreira e família é hoje muito difícil"

 

COM UMA ESCRITA BEM REAL E ENVOLVENTE, A AUTORA ESTABELECE RELAÇÃO ENTRE "A CRISE, A FAMÍLIA E A CRISE DA FAMÍLIA". UM BOM TÍTULO QUE DÁ QUE PENSAR.

 

"A Crise, a Família e a Crise em Família", de Mónica Leal da Silva FFMS, 3,15 euros

 

A crise aperta e o orçamento familiar reduz-se. Especialmente se existem filhos. Os pais transformam-se em agentes 'multitasking', mas nem assim têm tempo para "quase nada". A juntar a tudo isto: o desejo de manter a química entre os dois, de alimentar o casamento, de ultrapassar as noites mal dormidas e de encarar de frente o pesadelo do "fim do mês", que é cada vez mais real. "E quem é que nos entende?", gritam muitas mulheres, que entram no ciclo vicioso da vitimização, que junta cansaço com exaustão e que provoca discussão. (E isto sem esquecer os compreensíveis stresses dos pais, que também são muitos).

Fora das quatro paredes e em contra ciclo com as necessidades de uma Europa envelhecida, as mulheres tornam-se "mães" cada vez mais tarde, o que faz com que tenham que cuidar dos filhos. E dos pais. O medo de perder a corrida do mundo profissional é grande e por isso o mito das super mulheres que (disfarçadamente) tudo conseguem, prevalece numa sociedade onde são raros os 'stay-at -home dad' (pai que fica em casa).

E se quer saber mais não perca a entrevista a Mónica Leal da Silva, autora do livro "A Crise, a Família e a Crise da Família", que constitui uma boa, fácil e desejável leitura.

 

É um luxo ter filhos hoje?

Para algumas pessoas será um luxo, para outras uma temeridade, nas circunstâncias precárias em que vivem e considerando o futuro que antevêem. Por outro lado, ter filhos também ajuda a perceber que temos capacidades extraordinárias e recursos insuspeitados. As capacidades de sacrifício dos pais e sobretudo das mães sempre foram grandes. Já eram grandes antes de termos saúde e educação públicas. É preciso assegurar que estas se salvam, é o melhor incentivo que se pode dar a quem queira ter filhos. Depois, estou convencido de que, quem os quiser ter, tendo pelo menos um emprego, tê-los-á.

É possível conciliar carreira e família? De que forma?

Conciliar carreira e família é hoje muito difícil. Ambos os pais sentem uma enorme pressão de competir no emprego, embora os ordenados sejam baixos. Os avós muitas vezes ou trabalham ou já têm saúde frágil. Os pais que adiaram o nascimento dos filhos, pela pressão da carreira, depois têm frequentemente de lidar em simultâneo com os cuidados aos filhos pequenos e os cuidados aos pais velhos. O dinheiro não chega para pagar ajudas domésticas e babby sitters. É difícil.

Embora seja essencial manter a tradição da relação próxima entre os membros da família alargada, que noutros países já se perdeu, e seja de encorajar a criação de redes de apoio na comunidade, entre vizinhos e colegas de trabalho, creio que idealmente se reconheceria que ter um filho exige uma paragem. Seria ideal que, como acontece noutros países, depois da licença de parto, houvesse um período em que um dos pais pudesse ficar em casa a tratar do filho. Não ganharia dinheiro (isto é complicado em Portugal, onde os ordenados são muito baixos e um frequentemente não chega), mas também não perderia o emprego, para onde voltaria depois. Mesmo que não seja possível legislar neste sentido, já seria bom que a suspensão do emprego ou a transformação do emprego, de emprego a tempo inteiro em emprego a tempo parcial, não fosse penalizada. Que quem assim decide não encontrasse depois todas as portas fechadas. Isto depende sobretudo de uma mudança de mentalidades. A mayor de Princeton, em New Jersey, minha amiga, largou o emprego para criar as filhas, enquanto o marido, cientista, investia tudo na carreira; quando as filhas chegaram aos seis e oito anos, o marido já estava lançado e abrandou para ajudar em casa e com as filhas, e entretanto a mãe começou uma bem sucedida carreira política. Bastou que não a dessem por acabada. Os empresários deviam compreender que quem suspende o trabalho para criar filhos tem tudo para ser um excelente empregado: sentido de responsabilidade e grande vontade de trabalhar.

Por outro lado, nos casos em que um dos membros do casal não tem emprego, ter filhos pode fazer particularmente sentido. Mas, para ser assim, será necessário que não sejam só as mulheres a ficar em casa, até porque em muitos casais a mulher guardou o emprego e o homem perdeu-o. Além disso, é preciso um bom casamento para que isto não coloque a pessoa desempregada numa situação excessivamente vulnerável. É por isso que a partilha e a lealdade são ainda mais importantes em momentos de precaridade económica. Juntamente com o funcionamento da Justiça (talvez o maior problema em Portugal). De contrário, aquilo a que vamos assistir é a mais abusos e violência contra as mulheres. Como as coisas estão, admirava-me era se as mulheres em Portugal ainda tivessem filhos.

Quando um filho chega, as coisas mudam. Acredita que além da questão financeira existe o fantasma de acabar com os bons tempos do casal?

É verdade que há uma segurança económica mínima que a generalidade dos casais precisa de ter para tomar a decisão de ter filhos. Mas para a generalidade das mulheres, há uma outra segurança mínima que é condição sine qua non. É a segurança de que ter um filho não as deixa mais sós e vulneráveis. Isto exige acima de tudo confiança na pessoa com quem têm o filho. Têm de saber que essa pessoa vai estar lá, consistentemente, fiel ao compromisso de criar com ela um ser humano que não se sabe à partida como vai ser, que dificuldades vai ter e suscitar. Além disso, poucas mulheres vão querer ter filhos para terem depois de escolher entre não os ver, ou desistir para sempre de fazer outras coisas. Por isso a discussão sobre o que é aceitável dos homens e das mulheres, dos pais e das mães, é crucial. A verdade é que a chegada dos filhos é um desafio para o casal. Mas também é verdade que mais homens do que mulheres fogem, quando confrontados com esse desafio. Fogem do casamento, ou fogem com o rabo à seringa e não fazem a sua parte em casa e com os filhos; fogem para os braços dos amigos e das amigas, ou fogem para as carreiras onde os patrões nunca os imaginam a mudar fraldas e lhes dão todos os alibis para não serem pais. Há demasiados riscos na maternidade, as mulheres sabem isso muito bem. Disseram-lhes que podiam ser tudo, ao mesmo tempo, na perfeição, bastava quererem. Não é assim tão simples. Não foram as mulheres que falharam.

 

Mónica Leal da Silva

Autora de "A Crise, a Família e a Crise da Família" (FFMS). Mãe de duas filhas é professora na Universidade do Michigan.

 

(Publicado a 25 de Janeiro de 2013 na "Ideias em Estante", no Diário Económico)

 

 

 

 

 

Este post também foi publicado no blog:www.livrosemanias.blogs.sapo.pt

publicado por Mafalda Avelar às 16:13
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