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Livro em análise: "Lisboa, os Açores e a América" (Almedina), de José Filipe Pinto
"Portugal deve assumir-se como um país de articulação e fronteira"
AUTOR APRESENTA A IMPORTÂNCIA DA BASE DAS LAJES PARA A DEFESA NORTE-AMERICANA. E FALA, LÊ-SE NAS ENTRELINHAS, DE UMA CERTA MIOPIA EM RELAÇÃO A ESTE TEMA, QUE É ESTRATÉGICO PARA PORTUGAL.
É um dos assuntos nacionais do momento. A diminuição da presença norte-americana na base das Lajes , nos Açores. Em momento oportuno, José Filipe Pinto, professor catedrático da Universidade Lusófona, lança a obra " Lisboa, os Açores e a América". Um livro que merece a pena ser lido para um melhor entendimento deste precioso triângulo. Em entrevista, o autor afirma que Portugal necessita de elaborar um "conceito estratégico nacional". Leia abaixo algumas respostas do autor, que é o convidado da " Ideias em Estante ", que será emitida na próxima semana.
Diminuição da presença Americana nas Lajes . Como vê esta situação?
Vejo esta diminuição como um facto perfeitamente previsível e que, para mal dos trabalhadores portugueses da base e para a economia da Ilha Terceira, não foi devidamente acautelado do lado português.
Era uma decisão previsível porque os norte-americanos - que vieram para os Açores, "without any rental provision" - têm um longo historial de tentativas de desvalorização da importância estratégica da Base das Lajes , como forma de fragilizar a posição negocial por parte de Portugal.
Como Portugal não soube tirar partido do activo de que dispõe e fez dos empregos - directos e indirectos - na base a principal razão do Acordo, os EUA podem poupar verbas do seu Orçamento da Defesa e continuar a usufruir da base lançando para o desemprego uma mão-de-obra que a economia local não vai conseguir absorver.
Qual a importância do triângulo: Lisboa, Açores e América?
Este triângulo é muito importante para a segurança do Atlântico Norte, da América do Norte e da União Europeia numa conjuntura em que a subida aos extremos deixou de ser monopólio dos Estados que se vêem desafiados por poderes erráticos e que movimentam verbas muito elevadas.
Numa altura em que discute a inevitabilidade da criação de uma SATO ou de uma ATO para garantir a segurança em todo o Atlântico, este triângulo assume uma importância ainda maior devido à condição simultaneamente europeia e lusófona de Portugal.
Como é que Portugal pode tirar partido da nossa situação geográfica?
Na actualidade, Portugal, para além da fronteira geográfica, praticamente convertida em mero apontamento administrativo, dispõe de uma fronteira de segurança - a NATO -, de uma fronteira cultural - a CPLP - e de uma fronteira político-económica - a União Europeia.
Face a esta multiplicidade de fronteiras, Portugal deve assumir-se como um país de articulação e fronteira entre os vários espaços a que pertence.
Afinal, da nossa língua vê-se o mar e a terra para cujo desenvolvimento a nossa diáspora tanto contribui.
E hoje o que pode Portugal fazer para valorizar o seu activo estratégico?
Portugal necessita de elaborar um conceito estratégico nacional - o eixo da roda de Adriano Moreira - que defina o papel de Portugal no Mundo. Trata-se de um projecto que não pode ser de um Governo, mas de um Povo e, como tal, é urgente o debate colectivo sobre o país que queremos e que estamos em condições de construir. Um conceito estratégico nacional que, mais do que colocar a esperança num rei vencido, assente na certeza de que é possível limitar a condição exógena sem cair em isolacionismos redutores e impossíveis.
" Base das Lajes : jogos de poder ou rapina de soberania?". Qual a razão para a escolha deste subtítulo?
A escolha do subtítulo resulta de dois factores primeiro tem a ver com a circunstância de a obra se inserir no âmbito da Ciência Política e das Relações Internacionais, áreas onde as noções de "poder" e "soberania" são fundamentais. A circunstância de tanto os Açores como os Estados Unidos da América terem como símbolos duas aves de rapina ajudou à ligação dos conceitos.
O segundo prende-se com a pertinência de explicar a forma como Portugal não tem sabido rentabilizar a Base das Lajes . Por isso, a obra procura saber se este subaproveitamento é resultado de culpa própria ou de uma atitude imposta pela superpotência norte-americana. Daí a forma interrogativa.
(Este texto foi publicado na "Ideias em Estante" (DE) a 30/11/2012)
Este post também foi publicado no blog:www.livrosemanias.blogs.sapo.pt
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