Autor:
Ashutosh SheshabalayaLivro:
Made in IndiaÉ muito tarde para olhar para a Índia mas é melhor olhar agora do que não olhar" esta é a opinião de Ashutosh Sheshabalaya, autor de "
Made in Índia – A próxima superpotência económica e tecnológica" (editado pela Centro Atlântico), que aceitando o desafio fictício de se colocar na pele de conselheiro do governo português disse, em relação à estratégia de entrada na Índia, o seguinte: "Tentaria mostrar uma plataforma integrada. Isto significa que não venderia a tecnologia portuguesa, não venderia os têxteis, não venderia o turismo. Procuraria construir um link português como uma forma de entrar na Europa. Na base de tudo isto teria uma estrutura de uma campanha de relações públicas e isto porque poucos indianos, que fazem parte das elites, conhecem, por exemplo, a vantagem de viver numa cidade como Lisboa.
O prazer de viver em Lisboa é 25 vezes superior ao de viver em Londres. Estes pequenos valores fazem a diferença em relação ao resto da Europa. Por outro lado, falaria da conectividade com o Brasil, com África e falaria ainda das áreas onde os portugueses construíram centros de excelência no centro da Europa. Tudo isso deve ser levado em conta para reunir forças que permitam actuar no palco mundial." Para Ashutosh, que é licenciado em economia e politica pela Universidade Berhampur e que estudou no Birla Institute of Tecnology and Science, "tem que existir uma estratégia para as pequenas e medias empresas, tem que existir um modelo de mercado financeiro, tem que existir uma estrutura de presença do dito link." Por outras palavras tem que existir uma estrutura que permita abrir portas e mostrar realidades. É a chamada aproximação amigável que permite apresentar as grandes vantagens de investir em Portugal. Nacionalista, no sentido de amar e quer o melhor para o seu país, Ashutosh, que escreveu a sua primeira obra de fundo sobre a Índia em 2004 – " Rising Elephant", é um autor de obras sobre economias emergentes que apresenta um factor de diferenciação: é um insider que entende a visão de outsider- e, vice-versa. Casado com uma Belga, Tosh (diminutivo), vive na Europa desde os anos 80 e considera-se "inserido" neste continente. Ciente da necessidade de um melhor conhecimento mútuo entre a Índia e a Europa, Ashutosh, confessa que "Quando escrevi o livro (que tem como target as pequenas e medias empresas na Europa e todas as empresas das pequenas economias europeias) queria que os Europeus conseguissem ver bem e profundamente o que é que estava - e está - a acontecer na Índia e se apercebessem da realidade". Para este autor "a minha ideia foi explicar aos europeus que a pequenas e médias empresas europeias têm que entrar na Índia. Têm que conseguir vantagens em relação aos chineses e aos americanos. Porque o futuro das pequenas e médias empresas indianas passa também por saber onde é que vão com os europeus. Existem 50 milhões de pequenas e medias empresas na Índia, mas elas estão a perder ingredientes muito importantes e eu quero mostrar como isto não é apenas sobre investimento directo, sobre call centers. Mas que estamos perante um fenómeno que não pode ser previsível."Para terminar este autor, que escreve de forma bastante apaixonada e que recorre frequentemente a dados estatísticos interessantes, deixa ainda um recado para quem quer entrar no mercado emergente do momento: "Fazer shopping na Índia está fora de questão. Por outro lado se existirem pontes e relações, tudo é bem mais fácil." E já agora "Esqueçam o FDI, é demasiadamente tarde. E, olhem para infra estruturas, energia e retalho" Estas são as três variáveis, que Ashutosh referiu quando escreveu o livro e que há duas semanas foram consideradas pela Morgan Stanley como os três grandes factores da Índia.". Como o autor deseja "espero que esta segunda onda não seja perdida pela Europa."